bit.ly/2HaVfPR | A sul-africana Yolanda Dyantyi era a primeira pessoa de sua família que conseguiria um diploma na universidade, mas o seu destino acabou sendo interrompido devido à uma agressão sexual que sofreu na faculdade.
Buscando uma dupla graduação em filosofia política e relações internacionais, além de teatro, a jovem foi expulsa da Universidade de Rhodes dois anos após seu ingresso, devido à participação em protestos contra a cultura do estupro no campus. Na ocasião, ela foi acusada de sequestro e agressão pelas autoridades da universidade e recebeu uma proibição vitalícia de retornar à instituição.
Dyantyi participava de um grupo que havia iniciado uma campanha chamado #Chapter212, O nome faz referência à seção na constituição pós-apartheid da África do Sul que garante a todos o direito ao controle total sobre seus corpos.
Durante seu primeiro ano na instituição, ela foi estuprada por um aluno e acabou se juntando com outros ativistas para chamar atenção para o fato de que, além do trauma de ter que sentar ao lado de seus supostos agressores em sala de aula, a agressão sexual também violava seus direitos constitucionais. Dentre as demandas das estudantes estavam o acolhimento das denúncias pelos superiores e apoio psicológico mais acessível para as vítimas.
Diante do cenário, uma lista com nomes de diversos estudantes acusados de agressão sexual surgiu em um grupo de Facebook, precedendo inclusive as denúncias do movimento #MeToo que revelaram diversos casos de assédio e abuso sexual nos bastidores de Hollywood em 2017.
"Esta lista não dizia que eles eram estupradores, mas foi o suficiente para mobilizar as pessoas", afirmou a jovem ao BuzzFeed News.
A lista tornou-se viral no campus e muitas mulheres chegaram a confrontar os homens nas dependências da universidade após o acontecimento. "Nenhum deles sofreu algum tipo de agressão", explicou Dyantyi.
Diversos protestos contra a cultura do estupro eclodiram na universidade e Dyantyi foi uma das principais vozes que potencializaram as movimentações. Entretanto, ela e mais duas estudantes foram as únicas pessoas que sofreram sanções da universidade.
Em uma audiência disciplinar, dois estudantes afirmaram quatro dos homens da lista foram arrastados para fora de seus dormitórios, mantidos contra sua vontade e agredidos. A versão de Dyantyi - a de que não houve violência - não foi registrada e, portanto, a narrativa oficial dos acontecimentos foi a dos homens estudantes.
Como consequência, as três mulheres acabaram sendo culpadas por sequestro, agressão, difamação e insubordinação na audiência disciplinar da universidade e foram banidas do local pelo resto da vida. "A instituição me criminalizou", afirmou a estudante.
Apesar disso, ela ainda participa de vários movimentos na África do Sul pelo fim da violência contra a mulher. Atualmente, Dyantyi busca criar um site para as vítimas arquivarem suas histórias e compartilhar experiências que possam ajudá-las a superar seus traumas.
"É cansativo sentar em reuniões com o governo quando eles não querem reconhecer que a violência de gênero é uma crise nacional, mas não podemos continuar protestando contra a mesma coisa", afirmou. "Tenho medo do nosso país, mas como você pode não estar no modo de luta quando sua vida está em risco todos os dias?".
Fonte: universa.uol.com.br
Buscando uma dupla graduação em filosofia política e relações internacionais, além de teatro, a jovem foi expulsa da Universidade de Rhodes dois anos após seu ingresso, devido à participação em protestos contra a cultura do estupro no campus. Na ocasião, ela foi acusada de sequestro e agressão pelas autoridades da universidade e recebeu uma proibição vitalícia de retornar à instituição.
Dyantyi participava de um grupo que havia iniciado uma campanha chamado #Chapter212, O nome faz referência à seção na constituição pós-apartheid da África do Sul que garante a todos o direito ao controle total sobre seus corpos.
Durante seu primeiro ano na instituição, ela foi estuprada por um aluno e acabou se juntando com outros ativistas para chamar atenção para o fato de que, além do trauma de ter que sentar ao lado de seus supostos agressores em sala de aula, a agressão sexual também violava seus direitos constitucionais. Dentre as demandas das estudantes estavam o acolhimento das denúncias pelos superiores e apoio psicológico mais acessível para as vítimas.
Diante do cenário, uma lista com nomes de diversos estudantes acusados de agressão sexual surgiu em um grupo de Facebook, precedendo inclusive as denúncias do movimento #MeToo que revelaram diversos casos de assédio e abuso sexual nos bastidores de Hollywood em 2017.
"Esta lista não dizia que eles eram estupradores, mas foi o suficiente para mobilizar as pessoas", afirmou a jovem ao BuzzFeed News.
A lista tornou-se viral no campus e muitas mulheres chegaram a confrontar os homens nas dependências da universidade após o acontecimento. "Nenhum deles sofreu algum tipo de agressão", explicou Dyantyi.
Diversos protestos contra a cultura do estupro eclodiram na universidade e Dyantyi foi uma das principais vozes que potencializaram as movimentações. Entretanto, ela e mais duas estudantes foram as únicas pessoas que sofreram sanções da universidade.
Em uma audiência disciplinar, dois estudantes afirmaram quatro dos homens da lista foram arrastados para fora de seus dormitórios, mantidos contra sua vontade e agredidos. A versão de Dyantyi - a de que não houve violência - não foi registrada e, portanto, a narrativa oficial dos acontecimentos foi a dos homens estudantes.
Como consequência, as três mulheres acabaram sendo culpadas por sequestro, agressão, difamação e insubordinação na audiência disciplinar da universidade e foram banidas do local pelo resto da vida. "A instituição me criminalizou", afirmou a estudante.
Apesar disso, ela ainda participa de vários movimentos na África do Sul pelo fim da violência contra a mulher. Atualmente, Dyantyi busca criar um site para as vítimas arquivarem suas histórias e compartilhar experiências que possam ajudá-las a superar seus traumas.
"É cansativo sentar em reuniões com o governo quando eles não querem reconhecer que a violência de gênero é uma crise nacional, mas não podemos continuar protestando contra a mesma coisa", afirmou. "Tenho medo do nosso país, mas como você pode não estar no modo de luta quando sua vida está em risco todos os dias?".
Fonte: universa.uol.com.br