bit.ly/2ZdA7zK | Vejam que não me refiro, sequer, aos efeitos de uma condenação após o devido processo, mas, tão somente, aos deletérios resultados da mera acusação de um crime (acusação aqui entendida não como oferecimento de denúncia, mas apenas notícia crime).
Não discuto culpa ou inocência, se houve ou não o crime, essa análise demanda todo o iter de uma instrução criminal, que sequer se iniciou.
Refiro-me, exclusivamente, ao processo como uma pena em si mesmo.
O atleta teve sua vida virada ao avesso, a patrocinadora Credicard, por exemplo, retirou todas as campanhas onde o mesmo figurava como garoto propaganda.
Incontáveis pessoas, de forma rasa, trataram de condenar o indivíduo, antes mesmo da instauração do inquérito.
Vale aqui uma especial menção a um artigo, que dizia “aqui jaz Neymar”, quando o inquérito contava com apenas 2 dias de instauração.
Dito de outra forma, além do prejulgamento, a autora não se contentou em condenar, preferiu matar ( = jaz), o investigado.
Parece-me a (in)evolução do sentimento punitivista reinante na sociedade, fazendo metástase em parte da academia.
A denunciante, falo sem qualquer juízo ou análise meritória, foi rotulada pela maioria como “garota de programa, golpista, autora de denunciação caluniosa”, enfim, também sofreu todo tipo de estereotipização.
Nem mesmo a advogada que assumiu a causa do atleta foi poupada, sendo covarde e injustamente julgada pelo simples fato de aceitar a causa.
Neste ponto faço uma especial consideração ao Cladem, que expulsou sumariamente a advogada de seus quadros, sem direito de defesa ou contraditório, demonstrando que a violência contra a mulher cega até mesmo os movimentos feministas, fazendo com que se tornem parte daquilo que elas mesmas combatem. Neste episódio foi mulher sendo carrasco de mulher.
Advogados do caso são submetidos permanentemente a acusações, como se réus fossem.
Mesmo a polícia fica sob suspeita, pois se o investigado é muito rico, para o senso comum perverso, certamente ocorrerão atos de corrupção.
Engano seu, a polícia é preparada e constituída de pessoas de elevado valor ético e profissional, e.g., todos os meus amigos das forças policiais são pessoas de elevado sentimento de integridade.
Neste caldo de miséria, todos perdem, menos a imprensa, essa sim, quanto mais repercussão em torno do fato, mais audiência, mais venda de espaços publicitários, mais riqueza gerada a partir da desgraça alheia.
Sei que o crime exerce fascínio, sei que a “fofoca” atrai os fracos de espírito, mas vençam isso, abram um livro, busquem um pouco mais de formação, em detrimento dessa avalanche de (des)informação.
O Direito Penal é horrível, mesmo que eu o estude ininterruptamente desde 1987, admito que sua face é horrorosa, não há beleza, leveza ou mesmo resultado positivo que se possa atribuir ao Direito Penal.
Por isso, neste ou no próximo caso midiático na seara criminal, experimente observar sem julgar, manifestar-se com moderação e serenidade, pois o mal que atinge o outro não escolhe sua próxima vítima, que pode ser qualquer um de nós.
Sejamos mais humanos e menos “um ponto” no IBOPE, que coloca a todos na vala comum desse efeito manada produzido por uma mídia cruel e manipuladora.
Essa mensagem pede apenas um pouco mais de personalidade, senso crítico e sentimento de humanidade. Se for para condenar, que seja ao final, e não de início, antes mesmo de inaugurada a da ação penal.
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Disponibilizamos conteúdos diários para atualizar estudantes, juristas e atores judiciários.
James Walker Jr.
Advogado criminalista, professor e presidente da ANACRIM.
Fonte: Canal Ciências Criminais
Não discuto culpa ou inocência, se houve ou não o crime, essa análise demanda todo o iter de uma instrução criminal, que sequer se iniciou.
Refiro-me, exclusivamente, ao processo como uma pena em si mesmo.
O atleta teve sua vida virada ao avesso, a patrocinadora Credicard, por exemplo, retirou todas as campanhas onde o mesmo figurava como garoto propaganda.
Incontáveis pessoas, de forma rasa, trataram de condenar o indivíduo, antes mesmo da instauração do inquérito.
Vale aqui uma especial menção a um artigo, que dizia “aqui jaz Neymar”, quando o inquérito contava com apenas 2 dias de instauração.
Dito de outra forma, além do prejulgamento, a autora não se contentou em condenar, preferiu matar ( = jaz), o investigado.
Parece-me a (in)evolução do sentimento punitivista reinante na sociedade, fazendo metástase em parte da academia.
A denunciante, falo sem qualquer juízo ou análise meritória, foi rotulada pela maioria como “garota de programa, golpista, autora de denunciação caluniosa”, enfim, também sofreu todo tipo de estereotipização.
Nem mesmo a advogada que assumiu a causa do atleta foi poupada, sendo covarde e injustamente julgada pelo simples fato de aceitar a causa.
Neste ponto faço uma especial consideração ao Cladem, que expulsou sumariamente a advogada de seus quadros, sem direito de defesa ou contraditório, demonstrando que a violência contra a mulher cega até mesmo os movimentos feministas, fazendo com que se tornem parte daquilo que elas mesmas combatem. Neste episódio foi mulher sendo carrasco de mulher.
Advogados do caso são submetidos permanentemente a acusações, como se réus fossem.
Mesmo a polícia fica sob suspeita, pois se o investigado é muito rico, para o senso comum perverso, certamente ocorrerão atos de corrupção.
Engano seu, a polícia é preparada e constituída de pessoas de elevado valor ético e profissional, e.g., todos os meus amigos das forças policiais são pessoas de elevado sentimento de integridade.
Neste caldo de miséria, todos perdem, menos a imprensa, essa sim, quanto mais repercussão em torno do fato, mais audiência, mais venda de espaços publicitários, mais riqueza gerada a partir da desgraça alheia.
Sei que o crime exerce fascínio, sei que a “fofoca” atrai os fracos de espírito, mas vençam isso, abram um livro, busquem um pouco mais de formação, em detrimento dessa avalanche de (des)informação.
O Direito Penal é horrível, mesmo que eu o estude ininterruptamente desde 1987, admito que sua face é horrorosa, não há beleza, leveza ou mesmo resultado positivo que se possa atribuir ao Direito Penal.
Por isso, neste ou no próximo caso midiático na seara criminal, experimente observar sem julgar, manifestar-se com moderação e serenidade, pois o mal que atinge o outro não escolhe sua próxima vítima, que pode ser qualquer um de nós.
Sejamos mais humanos e menos “um ponto” no IBOPE, que coloca a todos na vala comum desse efeito manada produzido por uma mídia cruel e manipuladora.
Essa mensagem pede apenas um pouco mais de personalidade, senso crítico e sentimento de humanidade. Se for para condenar, que seja ao final, e não de início, antes mesmo de inaugurada a da ação penal.
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James Walker Jr.
Advogado criminalista, professor e presidente da ANACRIM.
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