Conforme o delegado adjunto da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Carlos Teófilo, há pelo menos um mês disparou esse tipo de queixa. O primeiro caso que o investigador diz se recordar foi envolvendo uma digital influencer com mais de 400 mil seguidores, e que dependia diretamente do seu perfil na rede social para o sustento financeiro.
A mulher perdeu o acesso a conta após clicar em um link e os estelionatários começaram a se passar por ela anunciando produtos que nunca foram entregues. Rapidamente, o golpe se difundiu no Estado e saiu do controle das autoridades. Não há um número aproximado de quantas pessoas foram vítimas até então dos estelionatários que assumem este modus operandi.
"Passamos a receber muitos casos de pessoas públicas e até mesmo de populares. Geralmente recebem links e quando clicam perdem a conta. Esses estelionatários se valem de artifícios para aplicar os golpes. Para acelerar a venda os valores ofertados costumam ser bem abaixo do mercado para chamar mais atenção", afirma o delegado.
COMO SE PROTEGER
Para tentar evitar cair nos golpes, a Polícia aconselha ativar a verificação de duas etapas nas redes sociais e aplicativos de mensagens e evitar clicar em links encaminhados: "Para todo tipo de compra pela internet é preciso se cercar de todos os cuidados, buscar saber de outras pessoas que compraram e se receberam os produtos. Qualquer descuido, infelizmente, a pessoa pode ser vítima de um golpe", pontua o delegado.
SEM ACESSAR O PRÓPRIO PERFIL
Paula, 28 (nome fictício) conta que está há quase duas semanas sem conseguir acessar o próprio perfil no Instagram. No último dia 8 de janeiro, um amigo dela pediu ajuda dizendo que teve a conta hackeada e precisava que muitas pessoas denunciassem para tentar reaver o perfil. Paula clicou no link no intuito de ajudar o conhecido e foi então que teve seu celular emparelhado com o do criminoso.
"Meus dados foram alterados no mesmo instante e não consegui mais voltar para a minha conta. No dia seguinte comecei a ver que estavam usando fotos minhas salvas no rascunho do story e postando, como se fosse naquele momento, para dar mais credibilidade, montando toda uma historinha, se passando por mim. Eles disseram que um amigo meu iria viajar e então iriam anunciar alguns itens para vender", relata a vítima.
Ao perceber a proporção do problema, Paula foi até a delegacia, prestou Boletim de Ocorrência e solicitou a abertura de um inquérito policial. Segundo ela, no 32º Distrito Policial soube de outros casos similares.
"Eu não consigo ter acesso de volta ao meu perfil, porque eles ainda colocaram dispositivo de segurança. Quatro amigos meus chegaram a comprar coisas. Teve gente que comprou fogão, compraram televisão, geladeira. Gente com prejuízo de até R$ 6 mil", relata.
Robson afirma que diariamente dedica seu tempo a tentar alertar amigos a não fecharem negócios em seu nome, e que continua recebendo mensagens no Whatsapp.
"As pessoas que me conhecem sabem que eu sou um homem de palavra e aí acreditam que eu estou vendendo coisas, as pessoas me ligam dizendo que estão vindo na minha casa pegar os produtos. É uma situação muito chata. Eu aviso, comunico da forma como eu posso, mas é complicado a informação chegar a todo mundo", diz o professor.
"Uma coisa que chama atenção dentro desse golpe em específico é que como eles se valem das imagens das pessoas, pelo fato de ser uma pessoa de confiança, muitos acreditam e caem". CARLOS TEÓFILO - Delegado adjunto da DDF - ORIENTAÇÕES DA POLÍCIA
Nos casos de redes sociais clonadas, o investigador orienta que a vítima compareça à DDF para realizar Boletim de Ocorrência. Caso a vítima tenha adquirido algum item com prejuízo inferior a 80 salários-mínimos, a instrução é prestar queixa em uma distrital.
Conforme o delegado Carlos Teófilo, a DDF vem oficiando o Instagram em cada caso que é de seu conhecimento oficial para tentar identificar de onde vem o acesso. "Não identificando, nós soliticamos para retirar do ar a página. Percebemos uma demora no tramite e tem usuários que chegam a entrar na Justiça para reaver a conta", explica o policial.
Fonte: Diário do Nordeste