Advogado diz que "estuda medidas" após Camargo chamar Moïse de "vagabundo"

Via @uolnoticias | O advogado Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), e advogado que representa a família do congolês Moïse Kabagambe, reagiu à fala feita pelo presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, disse que a família está "estarrecida" com a declaração e que estuda "medidas cabíveis".

Mais cedo, Camargo atacou o congolês, espancado, torturado e assassinado a pauladas em um quiosque de praia no Rio de Janeiro, após cobrar remuneração que lhe era devida. Em post, no Twitter, Camargo disse que Moïse foi "um vagabundo morto por vagabundos mais fortes" e que ele "andava e negociava com pessoas que não prestam".

"Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava", escreveu o presidente da Fundação Palmares, em seu perfil, nas redes sociais. 

Após a frase, Mondego reagiu e disse que a família de Moïse estava estarrecida com a "fala criminosa" de Camargo e que estudava "medidas cabíveis" contra o membro do governo de Bolsonaro. 

Esse vagabundo vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis. Rodrigo Mondego, no Twitter 

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) também reagiu e acionou o MPF (Ministério Público Federal) contra Sérgio Camargo. 

Em documento enviado ao MPF, Freixo afirmou que Moïse "não era vagabundo, indigno ou selvagem, muito menos andava ou negociava com pessoas que não prestam. Sérgio Camargo praticou uma verdadeira imputação de fatos desonrosos, além de aviltar a dignidade da pessoa morta".

Espancamento, morte e comoção nacional 

Moïse foi espancado a pauladas até a morte após cobrar do gerente pagamentos em atraso. O rapaz, que chegou ao Brasil em 2011 fugindo da violência na República Democrática do Congo, morreu no dia 24 de janeiro, à noite, no quiosque Tropicália, onde trabalhava por diárias. 

Além da prisão dos três agressores, a Delegacia de Homicídios da Capital tenta identificar outras pessoas que passaram pela cena no crime.

A família do congolês, que o tinha como principal provedor, tem sido assistida pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Foi oferecido à família o ponto do quiosque onde Moïse trabalhava e foi morto, mas hoje eles recusaram. 

"A família desistiu por medo, principalmente, porque um dos donos disse que não sairia do local. Isso causou pânico na família e ela não quer ocupar aquele local por medo. Eles sabem de outros quiosques vazios, agradeceram à [concessionária] Orla Rio e [dizem] que aceitariam outro quiosque na orla", disse Mondego, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil do RJ).

"Inclusive já se sabe que, na orla da zona sul, tem quiosques vazios, e lá eles não teriam conflito com ninguém. Lá eles poderiam trabalhar e conseguir o próprio sustento", completou o advogado.

Fonte: noticias.uol.com.br

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