Bruninho tinha quatro meses quando a mãe, com 25 anos na época, desapareceu. Ele chegou a ser sequestrado e mantido em cárcere privado, crimes pelo qual Bruno foi condenado também. Após ser resgatado, a criança foi entregue à avó materna, Sônia Moura, com quem vive desde então em Campo Grande (MS).
Em entrevista ao g1 MS, Sônia relatou que o neto nunca teve contato com o pai. “Ele [goleiro Bruno] nunca demonstrou nenhum interesse em se aproximar, em saber se [Bruninho] está vivo ou morto, em que situação em que está”, conta a mulher.
Ela diz ainda que o processo judicial sobre a pensão alimentícia segue em aberto. “Então tem que esperar pra ver”, pontua. Embora lamente a forma como Eliza foi morta, Sônia busca pensar com esperança no futuro.
“Me sinto entristecida pelo que ele fez com a Eliza... E está refazendo a vida dele. Mas que Deus o abençoe, que ele refaça a vida dele mesmo, porque ele vai ter que pagar a pensão do filho”, diz a avó de Bruninho.
Talento nas mãos
Entrando na pré-adolescência, Bruninho joga há mais de três anos futsal e se prepara para migrar para o campo de futebol. O garoto joga como goleiro.
Sônia conta que Bruninho sempre gostou de esportes. Inicialmente treinava karatê e chegou à faixa laranja. Contudo, o garoto passou a demonstrar interesse por futebol.
“Eu tinha uma certa relutância, mas, com ajuda da minha psicóloga, entendi que não posso decidir por ele”, explica a mãe de Eliza.
Apesar da ligação óbvia com a profissão que fez Bruno ficar nacionalmente conhecido, Sônia faz questão de lembrar da atuação esportiva da filha para explicar a escolha do neto. “Eliza jogou como goleira por dez anos”, cita.
Enquanto conversava com o g1 MS para esta matéria, Sônia acompanhava um treino de Bruninho. Entre as respostas, a avó soltava exclamações quando era envolvida pelo treino do neto.
“Gosto de ver ele treinando, porque ele gosta e é onde ele extravasa”, conta.
Graças ao esporte, Bruninho estuda com bolsa de 100% em um colégio particular de Campo Grande. A avó relata que, se não fosse por isso, não teria condições de mantê-lo na instituição de ensino. “A mensalidade é mais ou menos R$ 1.500. Não teria como”.
Ainda assim, ela ressalta que os custos para manter o neto fazendo o que gosta também são elevados. “Ele faz esporte, isso gera gastos. Ele joga futsal, mas vai fazer a transição para o campo, então vamos ter que comprar outras chuteiras. Uma luva, por exemplo, é em torno de R$ 300”, comenta.
Segundo Sônia, Bruninho tem consciência de valores e, às vezes, chegar a falar para a avó que vai procurar preços mais baratos na internet.
“Ele tem essa consciência de preço e valor, mas eu sempre procuro comprar a melhor para ele, porque é esporte, é a própria segurança dele”, frisa a mulher.
Suporte emocional
Sônia não é a única a frequentar clínica de profissionais da saúde mental. “Ele tem acompanhamento psicológico desde pequeno, ele é bem resolvido. [...] Da minha parte sempre houve o cuidado com o psicológico, fazer com que ele se torna uma pessoa boa”, relata.
Segundo a avó, o garoto sabe que o pai foi condenado por matar a mãe.
“Ele só não sabe a forma como a mãe dele foi assassinada. Ele não teve essa curiosidade de saber, ele sabe que houve um crime, mas não sabe como se sucedeu”, conta Sônia.
Após doze anos do crime que tirou sua filha de seu convívio, Sônia ainda se entristece ao ler comentários sobre o assunto, principalmente quando envolve o neto. “As pessoas fazem comentários e esquecem que o Bruninho é vítima de tudo isso”, desabafa.
“Meu neto não tem culpa de nada, ele não pediu para nascer. O que houve ali entre o Bruno e a Eliza... Bruno teria que ter tido mais maturidade para arcar com a paternidade do guri, que ele não teve”, finaliza Sônia.
Chocou o Brasil
Eliza Samudio desapareceu em 2010, e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade. Apenas em 12 de julho de 2012, após sentença publicada pela Justiça do Rio, Bruno se tornou legalmente pai da criança. Relembre o caso aqui.
Bruno foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado de seu filho com a vítima. O goleiro também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu.
Após mais de dez anos da morte da filha, Sônia Moura, ainda tem esperanças de achar o corpo da filha.
“Penso nela não só uma, mas, várias vezes ao dia”. Segundo o depoimento de um dos envolvidos no crime, que na época era menor de idade, a jovem teria sido esquartejada e seus restos mortais colocados em sacos de lixo e jogados aos cães.
Em 2018, estudantes de Minas Gerais foram a uma festa fantasiados de Bruno e Macarrão. No registro feito Inconfidentes (MG), gerou polêmica nas redes sociais, pois ainda mostrava um dos jovens segurando um saco preto com o nome de Eliza Samudio.
Em setembro do ano passado, um bar de Manaus postou a foto de um cliente fantasiado de Goleiro Bruno com um saco ao lado, no qual estava escrito o nome da modelo.
Fonte: g1 MS