Ele aparece nas novas imagens ao lado do funcionário que surgiu no primeiro vídeo acorrentado pelos pés, mãos e pescoço, como se fosse um escravo. O médico alega que eles decidiram em conjunto fazer a filmagem, que virou caso de polícia e na qual ele diz: “Aí, ó, falei para ele estudar, mas ele não quer. Então, vai ficar na minha senzala”.
Na explicação publicada em seu perfil no Instagram nessa quarta-feira (16/2), Márcio Antônio argumenta que não teve a intenção de magoar, irritar ou fazer apologia à escravidão. As imagens, no entanto, consideradas de profundo mau gosto pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) e repudiadas pela prefeitura local, geraram enorme repercussão.
“Olá, em relação à peça fictícia que eu e meu amigo fizemos, gostaria de deixar bem claro que a gente fez o roteiro juntos, a quatro mãos. Foi como se fosse um filme. Foi uma zoeira. Não teve intenção nenhuma de magoar, de irritar ou nenhuma apologia a nada. Gostaria de deixar bem claro: ele é meu amigo e gostaria de pedir desculpas, se alguém se sentiu ofendido. Mas foi uma encenação teatral. Desculpe”, diz o médico no vídeo explicativo.
Veja:
O trabalhador, que informou à polícia em interrogatório que trabalha há três meses para o médico, também se pronuncia no vídeo: “Ele é como [se fosse] meu pai. Não tem como nem falar nada, sem palavras. Ele que me ajuda em tudo”.
O homem, cujo nome não foi divulgado, apenas o apelido, Camarão, esteve na delegacia na tarde dessa quarta-feira, ao lado de um defensor público. Na ocasião, ele adiantou ao delegado Gustavo Cabral a versão de que tudo teria sido uma brincadeira.
Na sequência do vídeo explicativo, o médico orienta a fala do trabalhador: “Lá quem colocou as peças…”. E o homem completa: “Quem colocou as correntes fui eu. Foi uma brincadeira. Não foi para magoar ninguém e muitas desculpas para todo mundo”.
Veja o primeiro vídeo, alvo de investigação:
Repúdio
O caso chocou a população local, e a repercussão, logo, tornou-se nacional. A família do médico Márcio Antônio é tradicional e bastante conhecida em Goiás.
A prefeitura da cidade, por meio da Secretaria Municipal das Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos, divulgou uma nota de repúdio, na qual diz que fará questão de acompanhar de perto os desdobramentos do caso.
“O ato divulgado, sem explicação aceitável, causa profunda repulsa e deve ser objeto de investigação e apuração pela autoridade policial competente, para uma célere instrução e responsabilização nos termos da lei. Desta forma, a Prefeitura Municipal informa que acompanhará atentamente os desdobramentos da investigação e tomará as medidas de sua competência”, anuncia.
Fonte: metropoles.com