Polícia investiga se advogado estuprou e importunou colegas

Via @otempo | Ao menos cinco advogadas denunciaram Gilberto Silva, ex-presidente da Comissão de Promoção de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), por importunação sexual e estupro, conforme informações da entidade profissional. As mulheres já formalizaram a queixa à polícia e tiveram as denúncias acolhidas pela Comissão de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da OAB-MG. O acusado nega as acusações e afirma “desconhecer” as práticas relatadas pelas supostas vítimas. A Polícia Civil instaurou inquérito sobre o caso. 

Três supostas vítimas conversaram com a reportagem e, sob anonimato, detalharam os abusos que alegam ter sofrido. Uma delas contou que Silva tentou tocar no corpo dela após um encontro com amigos, em um bar de BH, em novembro do ano passado. “Ele me levou até uma rua escura alegando ser mais fácil pedir viagem em aplicativo”, detalhou. A mulher relatou que o homem tentou tocar no corpo dela e, com sarcasmo, disse que ela tinha jogado a perna para cima dele. 

Importunação sexual

Tudo teria ocorrido perto de um hotel, e Silva, conforme a vítima relatou em boletim de ocorrência, quando Silva foi perguntar o valor da pernoite, ela pediu a corrida, o que irritou o advogado. “Gritava comigo, dizia que era para eu ir embora com ele”, disse. 

Ao contar o suposto crime, registrado como importunação sexual, a uma colega, também advogada, a ouvinte a alertou de havia mais vítimas. “Esta minha amiga me levou até outra advogada, contei para ela tudo que sofri e descobri que ela também foi violentada”, lembra. 

Estupro

A outra profissional contou à reportagem que já teve relacionamento afetivo com Gilberto e que foi abordada por ele em encontro na região Nordeste. “Ele começou a falar sobre a campanha (da presidência) da OAB à época e depois pediu: ‘reata comigo’”, detalhou. 

Ainda segundo essa suposta segunda vítima, ela deu carona para Silva, na volta para casa, de aplicativo, por ele estar embriagado, mas ele “partiu pra cima” dela, segundo a mulher. "Ainda tentou enfiar a mão na minha vagina. Eu pensava: vai ser a minha palavra contra a dele”, observou a mulher, que fez queixa de estupro contra Gilberto assim que ouviu a colega. 

Abusos

Uma terceira advogada relatou que, em 2013, sofreu abusos durante confraternização com colegas. “Ele me encurralou em um canto do bar e a todo instante dizia que queria me beijar, mesmo eu nada querendo”, comentou. Ela disse que, enquanto ele foi ao banheiro, pegou um táxi, mas o homem entrou no carro também. “Tentava me beijar e perguntava: ‘não quer me beijar porque sou preto?’”. 

Na corrida, o homem teria passado a mão na perna da advogada. “Quando cheguei em casa, me senti aliviada por ainda estar viva e nada mais grave ter acontecido”, afirmou. 

Ela alega ter sido violentada também em um evento da OAB no Norte de Minas e em outro, na Pampulha, em BH. 

"Estamos sendo sufocadas por um homem que usa de artimanha, poder e inteligência. O intuito não é prejudicá-lo, mas que isso pare”, disse uma das supostas vítimas. 

Defesa do suspeito alega que denúncias têm “viés político”

Procurado pela reportagem para se posicionar sobre as acusações, Gilberto Silva alegou desconhecer as denúncias. “Eu desconheço e vou te passar o número do meu advogado. Este negócio está esquisito, e já deixei para profissionalizar com ele”.

Responsável pela defesa de Gilberto Silva, o Escritório Felix Advocacia informou, em nota, que ele “é um respeitável advogado, foi presidente da Comissão de Igualdade Racial e Conselheiro Seccional da OAB-MG e é professor universitário”. Ele ocupou o cargo na OAB-MG de 2016 a 2021. 

A defesa alega que a acusação por parte de uma das vítimas se dá por “viés político” já que ela integra a diretoria da Associação Rede de Apoio e Reação Internacional (Rari), ue tem Gilberto como presidente. “Todas as medidas já estão sendo providenciadas”, completa o texto. 

Comissão de Enfrentamento à Violência contra a Mulher  acompanha o caso

A Comissão de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da OAB-MG informou que acompanha o caso. “Nós recebemos os relatos das vítimas e acompanhamos os depoimentos delas”, afirma a presidente da comissão, Isabella Pedersoli. 

Segundo ela, a Polícia Civil está investigando os fatos, que serão levados a conhecimento da OAB. A advogada ressaltou que serão respeitados os princípios da ampla defesa, do devido processo legal e do contraditório. 

“A comissão é destinada a tratar violências sofridas pela mulher e dar amparo àquelas que sofrem violência”, acrescentou a vice-presidente da comissão, Ariane Moreira. 

Diligências em andamento

A Polícia Civil informou que instaurou inquérito policial após as denúncias, recebidas na última quarta-feira. “Diligências estão em andamento para apuração dos fatos. Outras informações serão repassadas em momento oportuno para não prejudicar o andamento do feito”, afirmou, por meio de nota. 

Fonte: otempo.com.br

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