Justiça Federal mantém prisão preventiva de radical religioso que atacou judeus em culto pela internet

Via @portalg1 | A 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro manteve a prisão preventiva de Tupirani da Hora Lores, líder de um grupo radical religioso, que é acusado de crimes de racismo e ódio contra os judeus.

Em audiência de custódia realizada na sexta-feira (25), no Fórum Desembargadora Federal Marilena Franco, a Justiça Federal considerou válidos os argumentos do Ministério Público para que Tupirani seguisse preso. O pastor foi representado por um defensor público.

Após a audiência, ele seguiu para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, onde até o início da tarde desta quarta-feira (2) aguardava para ser transferido para uma unidade penal definitiva, onde vai cumprir a prisão preventiva.

Crime de ódio

Tupirani da Hora Lores, líder radical da igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, foi preso pela Polícia Federal na quinta-feira (24), por crimes de racismo, dentro da Operação Rófesh.

Em um culto gravado e difundido em junho de 2020, ele afirmou que os judeus “deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial”. Tupirani também atacava outras religiões, como as de origem afro.

Tupirani foi preso em casa, na sede da igreja, no Morro do Pinto, no Santo Cristo, na região central do Rio de Janeiro.

Em março do ano passado, a PF já tinha ido lá para cumprir mandados de busca e apreensão.

A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (24), Tupirani da Hora Lores, chefe da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, por crimes de racismo, dentro da Operação Rófesh — Foto: Reprodução/TV Globo

Além dos crimes de racismo e ameaça, Tupirani responderá por incitação e apologia de crime. Caso seja condenado, poderá cumprir pena de até 26 anos de reclusão.

Rófesh, em hebraico, significa liberdade, “fazendo alusão às recentes discussões sobre os limites da liberdade de expressão”, segundo a PF.

A operação foi coordenada pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF. Os mandados foram expedidos pela 8ª Vara Federal Criminal.

Em nota, a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) parabenizou o trabalho da polícia e disse que a aplicação é fundamental para conter esse tipo de crime.

"É a certeza da aplicação da lei contra o racismo que poderá em um primeiro momento conter esse mal que alicerça o ataque a segmentos historicamente discriminados. Em outra vertente, a educação para que as gerações futuras não mais reproduzam o racismo", disse a Fierj.

A Confederação Israelita do Brasil também se manifestou a respeito da prisão de Tupirani.

"Quem pratica o crime de racismo não é só aquele que pratica diretamente, é também aquele que incita a prática da discriminação. Ele influencia seus fiéis, influencia seus seguidores na internet a cometerem também essas práticas racistas", diz a nota.

Ataques contínuos

A PF afirma que Tupirani continuou atacando outras religiões mesmo após a ação da PF.

Tupirani foi o primeiro condenado no Brasil por intolerância religiosa. Em junho de 2009, ele e um discípulo chegaram a ser presos pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática da Polícia Civil do RJ.

De acordo com a sentença da condenação, Tupirani pregava em blogs o fim da Igreja Assembleia de Deus e praticava intolerância contra outras religiões, caracterizando-as como “seguidoras do diabo” e “adoradoras do demônio”. Eles também associavam a figura de pais de santo a homossexuais, de forma pejorativa, ainda segundo a ação.

Em abril de 2018, uma discussão entre guardas municipais e um grupo de 40 seguidores de Tupirani terminou com 12 pessoas da congregação feridas, uma delas em estado grave. Os fiéis teriam pichado inscrições no asfalto, avisando da suposta volta do Redentor em 2070.

Pichação no Parque Garota de Ipanema — Foto: Bruno Albernaz/G1

Fonte: g1

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