Como os documentos indicam o sexo "masculino" no gênero e no nome, elas dizem temer serem identificadas por forças ucranianas e obrigadas a servir ao exército. Isso por que autoridades locais têm impedido homens de 18 a 60 anos de deixar o país para lutar na linha de frente da guerra.
Um morador ucraniano não-binário, que preferiu não se identificar, também teme o fato de migrar para outro país, como Polônia ou Hungria, locais que, segundo ele, sua identidade não é reconhecida ou, então, é ridicularizada. "Eu preciso escolher entre o meu país – onde eu aprendi a viver – ou um outro lugar onde eu poderia me sentir ainda mais excluído e em perigo", justificou.
Robert, nome fictício para um homem trans de 31 anos que vive em Kharkiv, fez a transição de gênero há seis anos, o que lhe garantiu uma imagem que "passa por um homem" na Ucrânia. Agora, ele teme que sua identidade, que traz seu gênero como feminino, traga memórias doloridas do passado. "Meus pais tentaram me matar quando contei a eles que sou trans", recordou. "Todo mundo aqui me conhece como 'ele'. Ninguém sabe da minha real situação. É por isso que estou tão em perigo agora", lamentou.
Uma organização pelos direitos LGBTQIA+ tem ajudado Robert e outros transexuais na Ucrânia. Segundo Rain Dove, dono do grupo, a ONG já ajuda mais de 700 ucranianos em situações como essa. "Sabemos que alguns transexuais estão sendo rejeitados nas fronteiras [ao tentar fugir da guerra], mas todos aqueles que nós ajudamos, eventualmente conseguiram escapar", pontuou.
Fonte: terra.com.br