Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que as vítimas estão recebendo atendimento médico e, por ora, devem ficar aos cuidados da secretaria.
"Os três pacientes apresentam quadro de desidratação e desnutrição grave, porém já foram estabilizados e estão recebendo todos os cuidados clínicos necessários, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental."
Já Luiz Antônio foi, incialmente, levado para a delegacia. Depois, ele foi transferido para o presídio de Benfica. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, não há previsão de audiência de custódia para esta sexta-feira (29). Ele deve responder por sequestro ou cárcere privado, agressão, maus-tratos e crime de tortura.
Pamella Rossy, psicóloga da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, explicou ao g1 que essa família, após receber atendimento médico, será encaminhada para a Assistência Social do município para começar um trabalho de reinserção social.
“O hospital vai encaminhar essas pessoas resgatadas para uma equipe de assistência social depois de receberem atendimento médico. Essa equipe vai analisar o caso para saber se essa mulher e seus filhos têm uma rede de apoio, com outros familiares. Se ela não tiver uma rede de apoio, eles vão ser encaminhados para um abrigo de família. Eles vão passar por um acompanhamento, que pretende ajudar na superação da violência sofrida e no acesso a direitos básicos como saúde, moradia, educação”, disse Pamella.
"Além dos danos fisiológicos, essas pessoas vão lidar com danos e perdas cognitivas. Eles vão precisar de um acolhimento e acesso a políticas públicas", completou a psicóloga.
“Nesse caso, que é tão grave, uma política sozinha não vai garantir que eles recuperem a sua dignidade. É preciso de um trabalho maior para assegurar que essas pessoas retomem uma vida digna e se recuperem dos traumas psicológicos acarretados por toda essa violência nesses 17 anos”, afirmou .
A Secretaria Municipal de Assistência Social afirmou que a equipe do CREA Zilda Arns está à disposição da família, depois que receberem alta médica, para dar o apoio social necessário.
Como foi o resgate
Segundo os policiais, a principal preocupação no momento do resgate foi oferecer atendimento médico. "A situação era estarrecedora", resumiu um dos agentes.
"Os policiais que primeiro chegaram aqui encontraram essas crianças realmente amarradas. Posteriormente, eu cheguei e vi que elas estavam sujas, subnutridas. Então, a preocupação imediata foi de prestar socorro médico. O Samu foi acionado para prestar todo o socorro", disse o PM.
Logo após o resgate, a mulher disse à polícia que os três sofriam violência física e psicológica de forma permanente e que chegavam a ficar três dias sem comer. Ela também afirmou que Luiz Antonio nunca permitiu que ela trabalhasse nem que os filhos frequentassem a escola.
Entenda o caso
Na manhã desta quinta-feira (28), após uma denúncia anônima, policiais militares do 27º BPM resgataram mãe e filhos que viviam na rua Leonel Rocha, no bairro da Foice, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em cárcere privado havia 17 anos.
Segundo a denúncia, o agressor é Luiz Antônio Santos Silva, marido e pai da vítimas. Ele tinha o apelido de DJ por colocar música alta para abafar os gritos de socorro das vítimas. Os filhos têm 19 e 22 anos, mas, de acordo com vizinhos, aparentam ter cerca de 10 anos por causa da desnutrição.
O vizinho Sebastião Gomes da Silva disse que conseguiu dar uma fruta para um dos filhos no dia em que a família foi resgatada. "A bichinha pegou a banana e comeu com casca e tudo. Ela estava com muita fome."
Fonte: g1