Tupirani, líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, foi preso durante a Operação Rofésh, da Polícia Federal (PF), em fevereiro deste ano. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele é conhecido por promover discursos de ódio contra a população judaica e já havia sido alvo da Operação Shalon, deflagrada em março do ano passado.
Segundo a PF, as investigações revelaram que o pastor produziu e publicou diversos vídeos com ataques a judeus e membros de outras religiões.
A notícia-crime que embasou a operação de 2020 tinha vídeos de um culto presencial, na sede da congregação, nos quais Tupirani da Hora Lores pediu que Deus massacrasse os judeus, que os humilhasse, e clamou que “eles sejam envergonhados, como na Segunda Guerra, e não tenham forças para levantar suas servis”.
Em outro trecho, Tupirani cobrou ações divinas contra os judeus e se referiu à disputa pelas terras do estado de Israel e à diáspora judaica de modo ofensivo. “Eles saíram às nações para compartilhas das suas heranças em benefício próprio, deitaram com as prostitutas, Senhor. Fizeram alianças, serviram ao mal e desejaram se alimentar com as bolotas e alfarrobas dos porcos, Deus. Porquanto, ficaram sem nada”, disse.
Em 2009, Tupirani se tornou a primeira pessoa condenada por intolerância religiosa no Brasil. Quatro anos depois, ele e outros fiéis da denominação religiosa foram presos por racismo, homofobia e xenofobia.
No Rio de Janeiro, a Igreja Geração Jesus Cristo é conhecida por espalhar pela cidade cartazes com a inscrição “Bíblia sim, Constituição não”.
Para Ricardo Sidi, advogado criminal da Confederação Israelita do Brasil (Conib), “é uma sentença histórica na luta contra o antissemitismo. É a maior pena aplicada no Brasil por esse tipo de crime, o que haverá de ajudar a inibir essa prática odiosa.”
A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ) denunciou o caso, e reiterou que “é preciso denunciar crimes, confiar na investigação policial, no Ministério Público e na Justiça, em todo o rito do devido processo legal”.
“A condenação acontece porque houve a coragem de denunciar atos criminosos e a FIERJ não poderia, de modo algum, ter se calado. Registramos que a decisão tem, também, um viés educativo, pois não podemos aceitar a banalização da violência nos discursos de ódio. Confiamos na Justiça, sempre!”, afirmou Alberto David Klein, presidente da FIERJ, por meio de nota.
(*Com informações de Stéfano Salles, da CNN)
Isabelle Resende e Iuri Corsini, da CNN*
Fonte: cnnbrasil.com.br