“Estou deprimido com tudo isso. Desde domingo que não consigo dormir direito, estou sem comer. Toda hora que vem a lembrança na cabeça tenho vontade de chorar”, conta Reginaldo ao Metrópoles.
O Sindicato dos Porteiros tem prestado apoio a Reginaldo com auxílio jurídico e psicológico. Na quinta-feira (7/7), o porteiro vai ser atendido por uma psicóloga para fazer um acompanhamento.
Câmeras de segurança registraram a agressão cometida pelo francês e o momento em que ele se aproxima para enforcar Reginaldo. Veja aqui.
O ataque racista aconteceu no dia 26 de junho, quando o francês Gilles David Teboul, desceu as escadas do prédio com seu cachorro. Como ele não conseguiu pegar o elevador de serviço porque a porta estava aberta, decidiu ofender e agredir Reginaldo.
O caso está sendo investigado pela 12ª DP, e Gilles já foi intimado para prestar depoimento. Além das ofensas racistas, o francês é acusado de agredir o porteiro com socos e pontapés.
Depois de ser enforcado e chamar a polícia, Reginaldo ainda recebeu ameaças do francês: “Se você for à delegacia fazer registro contra mim, eu te mato”.
Marcas do racismo
Mesmo após o episódio, Reginaldo ainda encontra com Gilles no prédio, já que ele é morador. “Ele acha que o dinheiro está acima de tudo. Falou em uma entrevista que pagou R$ 10 mil para o advogado e vai processar todo mundo no prédio. Não consigo entender o que passa na cabeça dessas pessoas”, disse.
Porteiro há 25 anos, ele trabalha no prédio há quatro como auxiliar de serviços gerais e cobre folgas na portaria. Segundo ele, essa foi a primeira vez que sofreu racismo.
“Ele me agrediu mas não deixou marcas. A marca que ele me deixou foi com o racismo. Essa é uma marca que nunca vai sair da minha cabeça”, relatou Reginaldo.
Reginaldo é casado, pai de cinco filhos já adultos e conta que está recebendo todo o suporte deles.
“Minha família é o que está me segurando, eles têm me dado muito apoio. As pessoas do prédio também, mas não quero que pensem que estou querendo ganhar algo em cima disso. Quero mesmo é expor o racismo das pessoas. Só isso”, contou o porteiro.
O Metrópoles entrou em contato com Gilles, mas até a conclusão da reportagem, não obteve retorno.
Fonte: metropoles.com