O acadêmico explica que tudo começa pela natureza do processo de escrita, que é, em geral, solitário. “Só quem vai estar na conduta principal da construção desse documento é o aluno. Então, o que observo é uma tensão gigante nesse momento. O que não deveria ser, mas acredito que acontece porque a fase do TCC, por exemplo, é repleta de mitos: que é muito difícil, que os alunos não darão conta ou que precisa ser extremamente conclusivo”, analisa o docente.
Professor Paulo Eduardo de Oliveira é autor de livros sobre metodologia e escrita científica / Foto: Acervo pessoalCom mais de 30 anos de experiência em bancas avaliadoras e ministrando disciplinas das áreas de metodologia científica, Paulo avalia que essa tensão também resulta no que se pode chamar de bullying acadêmico. Sim... Ele existe e pode ser cometido entre os próprios alunos ou acontecer também na relação entre orientando e orientador. Situação identificadas como bulliyng são perceptíveis, por exemplo, no constrangimento daquela pessoa que pergunta demais, por vezes classificada como chata e inconveniente pelo restante da turma ou mesmo na postura “casca grossa” de determinados professores, que são ríspidos e adotam atitudes que desacreditam na capacidade intelectual do aluno.
DIGA NÃO AO BLOQUEIO MENTAL
“Tudo isso contribui para um bloqueio mental – algo da ordem cognitiva mesmo – que impede os alunos de transformarem o pensamento abstrato em concreto. Ou seja, não saber colocar no papel tudo aquilo que aprenderam no decorrer do curso e que são capazes de fazer”, alerta Paulo contando que é bem comum escutar falas como “professor, não consigo começar o meu TCC” ou “professor, começo, divago e travo”. O caminho que Paulo tem buscado é de difundir metodologias a favor do desbloqueio mental, com conhecimento prático, postura motivacional e respeito à história de cada estudante. “Eu trabalho isso até em minhas palestras tentando quebrar essa ideia de que fazer ciência é difícil e trabalhoso. Nós só temos que ir além dos nossos bloqueios mentais”, afirma.
Além da postura motivacional, o professor Paulo também tem se debruçado ao longo desses anos em pensar maneiras de eliminar o “academiquês” que mais confunde do que contribui no ambiente das faculdades. Como resultado de suas pesquisas, ele escreveu o livro Metodologia da Pesquisa ao Alcance de Todos. Com linguagem acessível, a publicação é direcionada para estudantes de graduação e pós-graduação que estão em fase de elaboração dos seus projetos de pesquisa.
“O livro é escrito de modo bem acessível para que os estudantes entendam como diferenciar tema de problema, problema de problemática e identificar as questões norteadoras de sua pesquisa, além de abordar métodos de investigação e de coleta dos dados”, finaliza o professor, acrescentando que a obra inspirou a escrita de outras três, além de servir de base para a realização de mentorias com mestrandos e doutorandos.
ROMPENDO O CLICO DA ANSIEDADE NA ESCRITA DO TCC
Em entrevista à Agência de Notícias Mais Educação em Pauta, da plataforma de bolsas de estudo Educa Mais Brasil, o psicólogo Sérgio Manzione explica que a ansiedade é uma reação que se tem diante de uma ameaça ou do desconhecido, e é quando o organismo se prepara para duas ações básicas: lutar ou fugir. Conforme pontua o profissional, a ansiedade pode ser considerada normal quando acaba ao mesmo tempo que a situação que a causou. Ou seja, no caso dos estudantes, ela deve sumir quando se conhece o resultado de um trabalho acadêmico.
No entanto, existe outro tipo, a ansiedade generalizada, que muitas vezes tem causas diversas e nem sempre definida. “Ansiedade não escolhe as pessoas, ela não vê se a pessoa é baixa, rica, pobre... é importante frisar que não adianta tomar o chazinho que a vizinha fez, o remédio que a prima toma, não funciona assim. Cada pessoa é diferente e deve buscar um diagnóstico correto e ajuda profissional”, sinaliza o psicólogo.
Para aqueles que estão com comportamento ansioso porque estão nesse momento de produção acadêmica, o psicólogo Manzione indica caminhos que podem contribuir para o bem-estar nesse período. Confira:
1. Aprenda mais sobre você
2. Entenda que ninguém é perfeito
3. Pare de se culpar
4. Domine o pânico
5. Viva o presente
6. Escolha o lado positivo
7. Tenha um projeto de vida
Escrito por Educa Mais Brasil
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