Austríaca rejeita 90% da herança de R$ 22 bilhões: ‘Não fiz nada para merecer’

Via @marieclairebr | Uma estudante de literatura de Viena e herdeira dos fundadores da Basf, uma das maiores empresas químicas do mundo, que em 2021 registrou receita de mais de 78 bilhões de euros, afirmou que vai rejeitar 90% de uma herança de 4,2 bilhões de euros (cerca de R$ 22 bilhões). De acordo a News Rebeat, Marlene Engelhorn acredita que não merece o montante pelo qual não trabalhou para ter. Ela decidiu ficar com apenas 10% do montante.

A mulher, de 30 anos, é descendente de Friedrich Engelhorn, o homem que fundou a Badische Anilin-und Soda-Fabrik, mais conhecida como BASF, atualmente a maior empresa química do mundo. Friedrich deixou a empresa em 1883 e investiu seu dinheiro na empresa farmacêutica Boehringer Mannheim. Seu neto Curt dirigiu a empresa até 1997, antes de vender o grupo para a suíça Hoffmann-La Roche por US$ 11 bilhões.

Marlene chamou atenção da mídia mundial ao tornar pública a decisão de recusar sua parte na herança. O motivo, segundo ela, é por não quer ser “tão rica”. A jovem faz parte da organização Milionários Pela Humanidade, grupo que defende que os super-ricos sejam "taxados da mesma forma que os trabalhadores". Ela receberá o dinheiro quando sua avó, Traudl Engelhorn-Vechiatto, morrer.

“Gerenciar essa riqueza leva muito tempo. Este não é o meu plano de vida. Não é que eu não queira ser rica, é que eu não quero ser tão rica", afirma.

Sua avó ocupa a 687ª posição no ranking das pessoas mais ricas do mundo, segundo a revista Forbes. Uma fortuna gerada pelos mais de 150 anos de empresa, cujos benefícios parecem incomodar Marlene: “Não deve ser minha decisão o que fazer com o dinheiro da minha família, para o qual não trabalhei”.

Ela não nega seu status privilegiado, no entanto, acredita que tudo tem um limite e que ninguém deve acumular todo esse dinheiro enquanto houver tanta desigualdade latente na sociedade. A estudante defende que não precisa de tanto dinheiro e segundo ela, não saberia o que fazer com isso, e dinheiro demais só traz tensão, problemas e mal-entendidos. “Eu não poderia estar feliz. Não é uma questão de vontade, mas de justiça. Não fiz nada para merecer esta herança. Isso é pura sorte na loteria do nascer e pura coincidência”, defende.

Esse pensamento a levou a ser uma forte defensora da justiça social, razão pela qual criou AG Steuersrechtigkeit, um movimento que mudou em toda a Europa sob a nomenclatura Tax me now, Me Taxe Agora, em tradução livre, e que consiste nos herdeiros de grandes fortunas que a renunciam e defende maior taxa de imposto para os ricos. “Como alguém que desfrutou dos benefícios da riqueza por toda a vida, sei como nossa economia está distorcida e não posso ficar sentada esperando que alguém, em algum lugar, faça algo”, disse.

Redistribuição de riqueza, impostos sobre milionários e grandes mudanças estruturais em altos cargos são algumas das demandas da jovem para alcançar maior equidade social.

Fonte: revistamarieclaire.globo.com

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