A OIT é uma entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O relatório descreve o panorama atual de trabalho forçado, que é tratado como uma escravidão moderna.
Para a OIT, o casamento forçado muitas vezes implica a obrigação de trabalhar. "Uma vez que a pessoa é forçada a se casar, há um risco maior de exploração sexual, violência e servidão doméstica, além de outras formas de trabalho forçado dentro e fora do domicílio. A chance de a mulher ser forçada a executar trabalhos para o cônjuge (ou para família do cônjuge) é maior que a dos homens", diz o texto (veja mais dados abaixo).
Evolução dos números
• Entre 2016, o número de pessoas obrigadas a se casar era de 15,4 milhões;
• Em 2021, esse número chegou a 22,0 milhões.
Em números absolutos, foi uma alta de 6,6 milhões.
Cerca de 32% são forçados a trabalhar
A entidade estima que 32% das pessoas que são forçadas a se casar também são obrigadas a trabalhar (sendo que 25% fazem trabalho doméstico; 6,5% trabalham fora de casa, geralmente no domicílio de pessoas da família do cônjuge; e 8% trabalham em empresas do cônjuge ou da família —em alguns casos trabalha-se em mais de um local).
A OIT afirma, no entanto, que essa porcentagem deve ser maior, porque muitas das pessoas que foram forçadas a casar não consideram que são coagidas a trabalhar, mesmo que tenham que executar tarefas em decorrência desse casamento forçado.
Mulheres são as principais prejudicadas
Relatório aponta desigualdade de gênero no trabalho forçado — Foto: ILO/Global Estimates of Modern SlaveryPara evitar o casamento forçado, a OIT recomenda adotar políticas que tenham "lentes de gênero", ou seja, que deem atenção especial para mulheres, já que elas são as principais vítimas.
Dois terços das pessoas obrigadas a se casar são mulheres. Isso equivale a cerca de 14,9 milhões de mulheres e meninas.
Entre as medidas que a entidade recomenda está elevar a idade mínima de casamento para 18 anos, sem exceções, para proteger crianças, e criminalizar o ato de casar alguém que não deu consentimento (não importa qual a idade da pessoa).
Onde o problema é maior?
De acordo com o relatório, a ordem da prevalência de casamento forçado nas regiões do mundo é a seguinte:
• Países árabes
• Ásia e países do Pacífico
• Europa e Ásia Central
• África
• Américas
Quase dois terços de todos os casamentos forçados, cerca de 14,2 milhões de pessoas, ocorrem na Ásia e no Pacífico. Isto é seguido por 14,5% na África (3,2 milhões) e 10,4% na Europa e Ásia Central (2,3 milhões). Levando em conta a proporção da população, a prevalência de casamento forçado é mais alta nos países Árabes (4,8 por mil habitantes), seguido por Ásia e Pacífico (3,3 por mil população).
Três em cada cinco pessoas forçadas a se casar estão em países de renda média a baixa. No entanto, as nações mais ricas não estão imunes ao problema: 26% dos casamentos forçados ocorrem em países de renda alta ou média-alta.
Os membros da própria família foram responsáveis pela grande maioria dos casamentos forçados. A maioria das pessoas que relataram as circunstâncias do casamento forçado conta que foram obrigados por seus pais (73%) ou outros parentes (16%).
Metade dos que vivem em casamentos forçados foram coagidos por meio de ameaças emocionais ou abuso verbal. Isso inclui o uso de chantagem emocional – por exemplo, pais ameaçando se automutilar ou afirmando que a reputação da família será arruinada – e ameaças de afastamento de familiares, entre outras coisas. Violência física ou sexual e ameaças de violência foram outros meios de coação muito usados (19% dos casos).
Uma vez que uma pessoa é forçada a se casar, há maior risco de exploração sexual, violência, servidão doméstica e outras formas de trabalho forçado, tanto dentro quanto fora de casa.
Escravidão moderna
Escravidão moderna — Foto: g1
A escravidão moderna aumentou no mundo nos últimos anos, estimulada em particular pela pandemia, e quase 50 milhões de pessoas estavam presas no ano passado a trabalhos ou casamentos forçados, informou a ONU nesta segunda-feira (12).
A ONU tem a meta de erradicar este mal até 2030, mas, no ano passado, mais 10 milhões de pessoas estavam em situação de escravidão moderna na comparação com as estimativas mundiais de 2016, de acordo com o relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) - duas agências da ONU - com a ONG Walk Free Foundation.
Dos 50 milhões de afetados, 27,6 milhões são indivíduos submetidos a trabalhos forçados e 22 milhões de pessoas casadas contra sua vontade.
As mulheres e as meninas representam mais de dois terços das pessoas forçadas ao matrimônio, e quase quatro de cada cinco são pessoas que sofrem exploração sexual comercial, de acordo com o relatório.
Fonte: g1