Os números devem ser ainda maiores porque as vítimas se sentem constrangidas ou com medo e não formalizam as denúncias, o que dificulta a identificação e punição dos agressores.
Uma mulher de 29 anos não consegue mais sair de casa desacompanhada do pai ou do noivo há dois meses. Isso porque em julho foi abusada por um enfermeiro. O caso ocorreu no Hospital Dia Flávio Giannotti, localizado no Ipiranga, na zona sul da capital, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.
Ela compareceu à unidade para fazer uma cirurgia de retirada da vesícula. Durante o processo, ela teve as mãos e as pernas amarradas na maca. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, "é uma prática habitual que tem como objetivo evitar possíveis incidentes ao longo da cirurgia".
Em determinado momento, um enfermeiro, cuja identidade é desconhecida, apareceu na sala. "Eu tava lá nua com os braços e as pernas amarradas e ele começou a me tocar de forma muito íntima, estranha. Ao ponto de duas enfermeiras entrarem para interromper o que ele tava fazendo", lembra.
Segundo a vítima, ele foi repreendido porque a estava descobrindo e estava frio.
Uma denúncia foi formalizada no hospital e um boletim de ocorrência foi registrado como estupro de vulnerável na Delegacia de Defesa da Mulher, onde um inquérito foi instaurado.
De acordo com o advogado da vítima, Renato Jokubauskas, "infelizmente ela tem abalos psicológicos devido ao caso, só que o hospital, em momento algum, fornece qualquer tipo de auxílio e nem mesmo uma ligação".
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "repudia veementemente quaisquer atos de violência, instaurou um procedimento administrativo disciplinar para apuração da denúncia e determinou que a direção do Hospital Dia colabore amplamente com as autoridades policiais na investigação em curso".
Para a vítima, o trauma continua: "Tô fugindo dos lugares para ter um pouco de segurança, um pouco de paz. Eu quero, literalmente, é que ele seja preso, que ele pague por isso".
Fonte: noticias.r7.com