A fala ocorreu durante discurso na 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que acontece em Buenos Aires, na Argentina.
No discurso, Lula defendeu a união dos países da região e a adoção de uma estratégia comum de desenvolvimento, que, na visão dele, "deve caminhar passo a passo com a redução da desigualdade em suas diversas dimensões", além da garantia de direitos fundamentais, do respeito aos povos originários e do combate ao racismo.
"Nada deve nos separar, já que tudo nos aproxima. Nosso passado colonial. A presença intolerável da escravidão que marcou nossas sociedades profundamente desiguais. As tentações autoritárias que até hoje desafiam nossa democracia", disse Lula.
A Celac é um grupo composto por 33 países da região latino-americana e caribenha. O Brasil deixou bloco em 2020, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas retornou este ano.
A fala de Lula ocorre em meio a tensões provocadas pelos atos golpistas de 8 de janeiro, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ocorre ainda em meio a uma crise de confiança envolvendo o governo petista e os militares. Na semana passada, Lula anunciou a troca do comandante do Exército.
O presidente agradeceu o apoio que recebeu dos países da Celac após os atos golpistas de 8 de janeiro.
“Quero aqui aproveitar para agradecer a todos e a cada um de vocês que se perfilaram ao lado do Brasil e das instituições brasileiras, ao longo destes últimos dias, em repúdio aos atos antidemocráticos que ocorreram em Brasília. É importante ressaltar que somos uma região pacífica, que repudia o extremismo, o terrorismo e a violência política”, afirmou.
Lula participa da reunião da cúpula da Celac, em Buenos Aires, nesta terça-feira (24)
Integração
O presidente disse ainda que os países da Celac se unem pela "imensa riqueza cultural dos nossos povos indígenas e da diáspora africana", "a diversidade de raças, origens e credos" e "a história compartilhada de resistência e de luta por autonomia".
"Tudo isso nos faz sentir parte de algo maior e alimenta nossa busca por um futuro comum de paz, justiça social e de respeito na diversidade", afirmou.
Lula defendeu também que "as diversas crises" que o mundo vive demonstram o "valor da integração", Por outro lado, o presidente defendeu que a união entre os países não significa que estes devem se "fechar ao mundo", mas "unir forças".
"Temos de unir forças em prol de melhor infraestrutura física e digital, da criação de cadeias de valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação em nossa região", disse Lula.
Lula defendeu também que "as diversas crises" que o mundo vive demonstram o "valor da integração", Por outro lado, o presidente defendeu que a união entre os países não significa que estes devem se "fechar ao mundo", mas "unir forças".
"Temos de unir forças em prol de melhor infraestrutura física e digital, da criação de cadeias de valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação em nossa região", disse Lula.
Ainda em seu discurso, o presidente pediu o apoio dos países da Celac à candidatura de Belém do Pará para sediar a COP-30, em 2025. Lula disse que a cidade poderá “mostrar ao resto do mundo a riqueza de nossa biodiversidade”.
“O apoio que estamos recebendo dos países da Celac é indispensável para que possamos mostrar ao resto do mundo a riqueza de nossa biodiversidade, o potencial do desenvolvimento sustentável e da economia verde, além, é claro, da importância de preservação do meio ambiente e do combate à mudança do clima”, afirmou.
Viagem à Argentina
A participação na 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos foi um dos compromissos da primeira viagem internacional de Lula desde que voltou à presidência.
A ida do presidente à Argentina contou também com um encontro com o seu colega Alberto Fernández e empresários do país.
Em seus discursos, o presidente brasileiro buscou reforçar a relação entre Brasil e Argentina.
Entre outros pontos, Lula:
• afirmou que ele e empresários brasileiros estão interessados na conclusão da rede de tubulação para transporte de gás natural argentino;
• disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltará a financiar projetos de desenvolvimento e engenharia em países vizinhos, e
• pediu desculpas ao colega Alberto Fernández por 'grosserias' de Bolsonaro.
Nesta quarta (25), o presidente brasileiro segue em viagem oficial para o Uruguai, onde se encontrará com o chefe do Executivo no país, Luis Alberto Lacalle Pou, receberá um prêmio pela sua atuação em defesa do Meio Ambiente, e encontrará o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.
Por Beatriz Borges, g1 — Brasília
Fonte: g1