O g1 tenta contato com um familiar da mulher.
O vídeo foi gravado pelo próprio motoboy enquanto ele trabalhava em uma farmácia no bairro Floresta, na capital acreana. (Veja o vídeo aqui). Nas imagens, a mulher aparece descontrolada enquanto fazia gestos obscenos em direção ao rapaz e grita xingamentos racistas. Durante o ataque, ela ainda cospe em Martins.
“Vai para o inferno, bando de macaco, filma, corno. Mostra que tu é um preguiçoso, baitola. Mostra tua cara. Isso é pra tu saber, maldito, que eu te abomino. Quadrilha de negro maldita, bando de negro preguiçoso, bando de negro macaco. Filma, corno, filma que tu não tem mais nada a fazer.”
Motoboy é vítima de xingamentos racistas por cliente de farmácia no AC — Foto: ReproduçãoA Sesacre informou que não pode passar detalhes sobre o tratamento por conta do sigilo médico.
O delegado Pedro Resende, que investiga o caso, disse que a mulher foi identificada e que diligências começaram a ser feitas, porém, ainda não tinha localizado até a tarde desta terça. O delegado acrescentou que deve começar a ouvir as testemunhas nesta quarta (8).
Motoboys protestaram contra o racismo na tarde desta terça-feira (7) em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoalProtestos
Também nesta terça-feira (7), um grupo de motoboys fez um protesto contra o racismo. O grupo saiu da Gameleira, no Segundo Distrito de Rio Branco, em direção à casa da suspeita, na região da Baixada da Sobral.
Equipes da Polícia Militar acompanharam o ato. "Fomos até a casa dela, mas não tinha ninguém e a gente saiu. Ela se internou, isso aí é uma desculpa", criticou.
MP e OAB-AC se posiciona
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) informou que vai requisitar instauração de inquérito policial para investigar crime de racismo contra o motoboy. O promotor Tales Tranin, que responde pela Promotoria Especializada de Defesa dos Direitos Humanos, vai encaminhará à polícia o vídeo em que uma mulher se refere à vítima como “macaco” e “imundo”, entre outras agressões.
"O MPAC também vai solicitar que seja identificada a autora e que sejam ouvidos os funcionários da farmácia que presenciaram o ato, entre outras providências."
A advogada Mari Barbosa, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-AC, disse que tomou conhecimento do caso e que a comissão está à disposição da vítima para auxiliar no que for necessário.
“Nosso papel enquanto OAB é acompanhar o caso e, caso a vítima, se sinta à vontade de nos procurar para orientação, nós também fazemos esse papel. Essa é mais uma situação de racismo e que mostra que as pessoas perderam o medo e a vergonha de se declararem racistas. Mesmo tendo a filmagem e as mídias sociais, as pessoas perderam a vergonha e isso é por conta do retrocesso que tivemos nos últimos quatro anos a respeito das leis com relação ao racismo. Ele tem que registrar a ocorrência, porque o que faz com que as pessoas façam isso é a certeza da impunidade”, afirmou Mari.
Fonte: g1