Em nota, a ordem informou que a conduta do conselheiro "será oportunamente apurada no âmbito administrativo e disciplinar, após a devida coleta de informações acerca dos fatos". Veja nota na íntegra abaixo.
Quatro representantes da OAB-AC foram incumbidos de garantir a manutenção e defesa das prerrogativas dos profissionais alvos da ação policial. O advogado está preso no Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Rio Branco.
O advogado de defesa de Tavares, Felipe Damasceno, informou que está trabalhando para pedir a revogação da prisão. “O que temos, em verdade, é uma medida absolutamente desproporcional, contra uma pessoa que não mantem nenhuma relação com qualquer prática delituosa, quiçá com organizações voltadas a práticas de crimes. O advogado se viu envolvido nesse processo tão somente por ser proprietário de um caminhão que prestava serviço de fretamento para transporte de gado, não tendo relação com qualquer dos outros suspeitos. Por fim, é importante destacar que a defesa não teve acesso a todos os autos, uma vez que a comarca de Acrelândia não concedeu liberação ao processo, mesmo com pedido tendo sido formulado ainda na manhã da última sexta-feira [10]”, destacou.
A operação
Cerca de 15 pessoas foram presas na ação, entre elas Ismael Tavares, que seria uma das lideranças da quadrilha. Conforme as investigações, o advogado coordenava parte do grupo, que é muito grande e formado por várias células.
Advogado, pecuaristas e empresários são alvos de operação que investiga furto de gado no AC — Foto: Arquivo/PC-ACEle, inclusive, tinha um caminhão que era usado em vários desses furtos. Ainda conforme a polícia, só na véspera de Natal de 2021, 120 animais sem procedência foram apresentados na delegacia de Acrelândia.
Ismael Tavares é bastante conhecido em Rio Branco, tendo, inclusive, uma coluna em um site local que fala sobre o cotidiano. Na coluna ele se descreve como: "advogado, escritor de cotidiano e acreano de vida simples, que anseia por dias melhores".
Ele também foi candidato a vereador nas Eleições 2020 pelo Podemos.
Prisões
Além do advogado, a operação teve como alvo também pecuaristas e empresários suspeitos de integrarem uma quadrilha de furto de gado no interior do Acre. Foram 40 mandados judiciais, entre prisões, buscas e apreensões e sequestros de bens nas cidades acreanas de Acrelândia, Senador Guiomard, Rio Branco, Porto Acre e Manoel Urbano, Plácido de Castro.
Operação ‘Boi de Ouro’ foi deflagrada nessa sexta-feira (10) pela Polícia Civil em seis cidades do Acre — Foto: Arquivo/PC-ACAs investigações começaram há cerca de um ano e meio. O grupo é investigado pelos crimes de formação de quadrilha, abigeato (furto de animais), lavagem de dinheiro, ameaça e enriquecimento ilícito. Ainda segundo a polícia, o gado furtado pela quadrilha era transportado para o estado do Amazonas.
Essa foi a primeira fase da operação outras ações devem ser deflagradas no decorrer das apurações.
Íntegra da nota da OAB-AC
A OAB/AC vem a público se manifestar sobre os fatos ocorridos na manhã de hoje 10/02/23, na operação denominada “Boi de Ouro” deflagrada pela Polícia Civil do Estado do Acre, envolvendo, dentre outros, um advogado inscrito nesta seccional. Assim, na madrugada desta sexta-feira foi acionada pela Polícia Civil, com a informação de que se fazia necessária a presença de representantes da OAB/AC, a fim de acompanhar o cumprimento de mandado de busca e apreensão em residência de um advogado.
Para a ocorrência, quatro representantes da OAB/AC foram incumbidos de garantir a manutenção e defesa das prerrogativas dos profissionais que seriam alvo da operação policial denominada “Boi de Ouro”.
Assim, todos os atos da operação foram devidamente acompanhados, como preceitua o art. 7º, § 6º do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
A OAB/AC destaca que permanece comprometida com a defesa das prerrogativas funcionais da advocacia e a defesa da atividade profissional do advogado, e acompanhará o caso prestando o suporte necessário ao advogado envolvido, zelando, imprescindivelmente, pela garantia da observância, em todos os casos, dos princípios fundamentais do contraditório e da ampla defesa, norteadores de nossa Carta Magna.
Ainda, a conduta do advogado em questão, membro do Conselho Seccional, será oportunamente apurada no âmbito administrativo e disciplinar, após a devida coleta de informações acerca dos fatos.
Por fim, repudiamos veementemente a exposição do advogado envolvido, fato que gera julgamentos precipitados e posicionamentos equivocados, ocasionando grandes prejuízos a todos os envolvidos.
Rodrigo Aiache Cordeiro
Presidente da OAB/AC
Vanessa Pinho Paes Cavalcante
Presidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da OAB/AC
Por Aline Nascimento, g1 AC — Rio Branco
Fonte: g1