Aos 46 anos, ex-vendedor de pipoca, depois de fazer mais de 70 concursos, se torna Juiz em Rondônia

Via @jornalrondoniaa | O Pernambucano Robson José dos Santos (@robson.josedossantos.7798), de 46 anos, foi conhecido no estado por sua história de superação contada em entrevista e exibida no quadro “ Seus Direitos”, no Jornal de Rondônia 1° Edição.

Antes de ser aprovado para cargo de Juiz em Rondônia, Robson fez mais de 70 concursos públicos, mas a persistência e o longo caminho que o mesmo trilhou não foi somente nas tentativas dos concursos sem sucessos.

Em conversa exclusiva com a Jornalista deste site, Ana Carolina Fonseca, o magistrado contou a sua trajetória, desde a sua adolescência. Criado na Periferia de Recife – PE, Robson teria motivos de sobra para desistir e não ter um futuro brilhante, mas vencer era meta e todo a sua trajetória de vida faria junção a esta tal conquista.

"Antes de ser magistrado, eu trabalhei entre 12 aos 15 anos de idade como vendedor de picolé (dindin) e pipoca nas ruas e ônibus de Recife, para ajudar na alimentação em casa. Enquanto as outras crianças estavam brincando e descansando eu estava nas ruas como comerciante ambulante.

Estudava à noite. Aos 15 anos trabalhei em um escritório de uma construtora como serviços gerais, efetuando tarefas de lavar banheiros, servir café/água, e serviços correlatos.

Cheguei a retirar comida do lixo (verduras/frutas apodrecidas em um sacolão tipo CEASA) para complementar a alimentação em casa. Porém, esse fato me machuca e não gosto de comentar.

Sou um de 6 filhos. Meu pai era gari , muitos anos depois tornou – se vigia noturno, e minha mãe auxiliar de enfermagem. Tenho 46 anos de idade, entrei na faculdade de direito aos 31 anos de idade, pagos por meio do PROUNI, já que à época eu recebia R$ 700,00 de salário e a faculdade custava R$ 1.250,00 . Estudei toda minha vida em escola pública e fui guarda-municipal, bombeiro militar, policial civil, técnico judiciário, analista judiciário e atualmente Juiz de Direito . Levei 11 anos para passar no concurso da magistratura, tendo sido reprovado em mais de 30 provas para juiz. No total fiz cerca de 70 concursos."

Foto: Reprodução/ Assessoria de comunicação TJRO

Para o novo juiz, é um orgulho ter ingressado na magistratura rondoniense. Esse e somente um dos muitos casos de persistência e superação que acontecem, e podemos dizer que, persista e nunca desista, tenha sempre força para não desisti e coragem para persistir quando for necessário. Acreditar que é possível é motivo suficiente para não desistir.

"Por fim,  e não menos importante, considero minha história de vida muito parecida com a de milhões de brasileiros que assim como eu, trabalham e estudam de sol a sol, procurando um local à sombra. Minha história de vida e sucesso não é melhor nem pior do que qualquer outra, é apenas diferente. Hoje, graças à política de cotas, as forças foram equalizadas e eu pude concorrer em pé de igualdade com todos os candidatos, em um dos concursos públicos mais concorridos e difíceis do país. A política de cotas é tratar os desiguais de maneira desigual, na exata medida de sua desigualdade, cito  nessa frase, um pensamento milenar de Aristóteles que retrata a desigualdade social e econômica que  vivi em boa parte da minha vida. Portanto, não desista, acredite nos seu sonho, sonhe alto, tenha objetivo! Tudo vale à pena quando a alma não é pequena( Fernando Pessoa)."

Fonte: jornalrondonia.com.br

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