Os episódios de frangofilia estariam associados ao quadro de esquizofrenia paranoide de Demétrios. O diagnóstico psiquiátrico foi atestado por quatro peritos do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), órgão ligado à Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania.
O documento serviu como base para o juiz Raphael Ernane Neves, da 1ª Vara do Júri de Registro, determinar sua internação em hospital psiquiátrico, em vez de ficar preso em uma cadeia comum, no fim de março de 2023. Para os peritos, Demétrius deveria ser considerado “inimputável”, ou seja, incapaz de responder por seus crimes.
Durante a avaliação, Demétrius relatou que começou a sofrer com “alterações do humor” e a registrar “problemas com colegas de trabalho” após a morte do pai, em 2020, vítima de infecção generalizada.
“A partir de então passa a apresentar episódios psicóticos com agitação psicomotora e frangofilia. É encaminhado para tratamento especializado, mas não o faz de forma regular”, diz o laudo.
Episódios de frangofilia
Demétrius chegou a pedir exoneração do cargo de procurador em novembro de 2020, por sentir “muito estresse” e “tristeza”, segundo relatou aos peritos. Pouco depois, protagonizou um episódio em que quebrou as janelas da própria casa, achando que a residência estava sendo invadida. Os vizinhos chamaram a polícia.
Ele foi reintegrado em junho de 2021, após entrar com processo contra a Prefeitura de Registro para reaver o cargo. “Teve êxito na ação pelo seu histórico de saúde mental, de que não estava bem à época do pedido de exoneração”, diz o laudo. O clima, no entanto, “não era bom”.
Em maio de 2022, mês anterior à agressão, Demétrius quebrou a câmera de segurança do prédio ao achar que “as pessoas o estavam monitorando”, de acordo com o laudo. “Resolveu esta situação, em acordo com o síndico, arcando com as despesas de reparo. Não buscou atendimento médico”.
Foi preso em 23 de junho de 2022, dias depois de espancar a procuradora-geral do município, Gabriela Samadello, dentro do prédio da prefeitura. A agressão foi filmada e ganhou repercussão à época.
No vídeo, Demétrius dá socos no rosto da procuradora-geral, que tenta se proteger enquanto grita por socorro. Ele ainda a xinga. Outras mulheres que trabalham no local tentaram conter e segurar o homem, que empurra uma delas contra a porta com força.
“Capacidade prejudicada”
Mesmo na prisão, o procurador registrou episódios de agressividade. No dia 15 de novembro de 2022, na Penitenciária de Tremembé, no interior, ele pegou o estrado da cama, começou a bater na porta da cela e quebrou o vidro usado para vigilância.
Na ocasião, ele alegou que não queria ficar naquela unidade e deveria ser transferido para um local “próximo à casa da sua mãe”.
O procurador compareceu à avaliação da perícia algemado e sob escolta policial. Segundo os peritos, Demétrius teria “capacidade de entendimento prejudicada” e representaria riscos para outras pessoas.
“Apesar de haver suporte familiar, mesmo em contexto protegido e sob tratamento médico adequado, ainda não houve remissão dos sintomas, mantém episódios psicóticos, de alteração do comportamento e de frangofilia”, diz o laudo.
“Soma-se a isto a falta de crítica de morbidez, com recusa ao tratamento, a ausência de culpa (gerada pelos sintomas delirantes – agiu em defesa própria), que tornam a periculosidade do periciando elevada”.
Fonte: metropoles.com