Salma foi presa preventivamente há duas semanas no aeroporto, ao voltar de uma viagem a Dubai, para onde planejava se mudar e chegou inclusive a apresentar um pedido de residência, segundo a AFP. Seu advogado, Hany Sameh, descreveu as acusações contra ela como “vagas”. Em entrevista ao portal de notícias egípcio Mada, Sameh disse que as acusações são “vestígios de um machismo regressivo que é intransigente contra as mulheres”.
Em 2020, Salma e ao menos outras 12 influenciadoras egípcias já haviam sido presas pelos mesmos motivos. Na época, ela ficou presa por um mês e foi solta mediante o pagamento de fiança.Essas prisões são cada vez mais comuns no Egito do presidente Abdel Fattah al-Sisi, observou o pesquisador da Human Rights Watch (HRW), Amr Magdi, em uma publicação no Twitter na semana passada.
“Autoridades egípcias prenderam mais uma influenciadora feminina por 'libertinagem' só porque ela postou fotos que vemos na vida cotidiana e na TV”, escreveu ele, acrescentando que "o Egito nunca testemunhou ataques tão implacáveis às mulheres e aos direitos LGBTQ como sob o governo de al-Sisi.
Segundo o HRW, esse tipo de acusação aumentou no país desde que uma lei de "crimes cibernéticos" foi adotada em 2018. Essa lei visa, especificamente, o conteúdo considerado "ofensivo à moral pública e aos valores familiares". Para o grupo, as autoridades egípcias têm usado a lei para atingir as mulheres nas mídias sociais e restringir sua liberdade de expressão.
“Prender mulheres e meninas por motivos muito vagos simplesmente por postarem vídeos e fotos de si mesmas em sites de mídia social é discriminatório e viola diretamente seu direito à liberdade de expressão”, escreveu Rothna Begum, pesquisadora de direitos das mulheres da HRW, em 2020. “O policiamento online da conduta pacífica das mulheres cheira a um novo esforço para controlar o uso de espaços públicos pelas mulheres", concluiu.
Fonte: oglobo.globo.com