Um homem foi linchado quarta-feira (4) passada, na cidade litorânea, espancado até a morte por um grupo de justiceiros e testemunhas covardes que nada fizeram para impedir o que se costuma chamar de “justiça com as próprias mãos”. O cidadão estava sendo acusado de ter roubado uma moto.
Pausa. Seja sincero: se era um ladrão, bem feito, sua consciência diz que o ‘bandido” mereceu morrer como um cachorro sarnento, a pauladas?
Sei que muita gente pensa assim. O Brasil é um pais muito violento, violento demais, não poderia ser diferente esse tipo de aberração primitiva prevaler, a despeito das leis, da justiça e de todo o esforço civilizatório desenvolvido pela humanidade em milhares de anos.
Mas, para azar dos que defendem linchamentos, Osil Guedes, um trabalhador de 49 anos, era inocente. Trabalhador. Inocente. Estava pilotando a moto emprestada por um amigo. Mas já estava julgado pelas circunstâncias e de nada adiantou suas súplicas e desespero.
Houvesse gente civilizada na turba assassina, bastaria imobilizar o “suspeito” e chamar a polícia. Osil ainda estaria vivo, a verdade prevaleceria – e seu filho de 9 anos poderia abraçar o pai.
É uma coincidência extremamente infeliz, mas a população do Guarujá deveria se envergonhar ou ficar constrangida. Lá, em 2014, a mesmíssima atrocidade havia acontecido. Um replay maligno nos traz à memória Fabiane Maria de Jesus. Ela foi espancada até a morte no mesmo município, após ser vítima de uma notícia falsa compartilhada nas redes sociais dizendo que ela era sequestradora de crianças. Mentira. Era uma mãe e esposa trabalhadora. Inocente.
O caso de Osil ainda está sendo investigado, para que se saiba como a falsa acusação permitiu que um homem fosse linchado em praça pública. Independentemente, a sanha vingativa e o vingador implacável que residem na alma humana foi novamente desmascarada. Por misericórdia, vamos ao menos refletir.
Por Marco Antonio Araujo, do R7
Fonte: r7