Mulheres que acusam motorista de aplicativo de intolerância religiosa prestam depoimento

Via @portalg1 | Prestam depoimento desde o início da tarde desta terça-feira (2) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) as duas mulheres que teriam sido vítimas de intolerância religiosa por parte de um motorista de aplicativo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no último final de semana.

As mulheres são a comerciante Taís Fraga e sua sogra. De acordo com comerciante, ela, suas duas filhas, e sua sogra foram impedidas de entrar no carro por estarem com roupas do candomblé, em um episódio de preconceito religioso. Um vídeo mostra o momento em que o carro se afasta, para a revolta das passageiras.

“Expus a minha família na televisão e espero que isso não seja em vão. A gente precisa sim, lutar pelos nossos direitos. Zero preconceito e intolerância. Peço que as pessoas tenham respeito. As minhas filhas estão bem abaladas e triste, assim como eu. Estou tentando, mas vamos conseguir”, diz Taís.

“Naquele dia, estamos indo pra uma festividade a Ogum, São Jorge na Igreja Católica. Se ele me pedisse desculpas, eu aceitaria. Ele pode ter errado, como errou. Mas, eu aceitaria as desculpas. Ele falou que não levaria a gente e não levou. Ele viu a minha sogra, mas quando nós viu se negou. Ele não falou sobre a religião. Mas, estava explícito. Isso só me fortaleceu mais ainda. Eu sempre fui em vários locais. Nunca aconteceu. Mas, isso me fortaleceu e vai fortalecer a gente mais ainda. Quem está passando por algum problema, venham aqui e denuncie”, acrescenta.

Taís registrou ocorrência na 59ª DP, em Duque de Caxias, mas o caso foi transferido para a especializada em crimes de intolerância.

A Decradi tenta identificar o condutor do veículo. Por isso, a especializada vai intimar a Uber para que a empresa de aplicativo informe a identificação do condutor.

Taís Fraga (meio) a sogra (direita) estiveram na Decredi, acompanhadas do advogado — Foto: Rafael Nascimento/g1

“Identificamos a placa e o motorista. Ele será intimado a prestar depoimento na próxima semana. O percurso seria de 5 minutos, não seria area de risco e o motorista poderia levar cinco pessoas. Elas alegam que foi intolerância. Vamos íntima-ló para saber a versão dele. A gente analisa a situação, o comportamento e o conjunto probatorio", disse Rita Salim, delegada da Decradi.

“O depoimento prestado na 59ª DP foi transferido para a Decradi. A Vera e a Tais estiveram aqui pra ratificar o depoimento. E no mais, é o que vocês já viram na imagem. A real intolerância religiosa que aconteceu. Em 2023, as pessoas precisam entender as religiões. Os mês direitos que a pessoa tem de seguir o catolicismo, tem do candomblé. O evento em si, como as imagens mostram, possivelmente no momento adequado, futuramente será avaliado a ser levado para o estado civil. É importante dar relevância a essa divulgação, pois as pessoas precisam de liberdade. O cidadão no Brasil está desassistido”, disse Wanderlei Guedes da Rocha, advogado da família.

Motorista de aplicativo se recusa a levar família com trajes religiosos para terreiro

Família com roupa do candomblé acusa motorista de aplicativo de preconceito religioso — Foto: Reprodução TV Globo

Por Rafael Nascimento, g1 Rio
Fonte: g1

NOTA

A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. A conta do motorista parceiro já foi temporariamente desativada, enquanto aguardamos pelas apurações.

A Uber busca oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos. A empresa reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app.
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