O britânico de 79 anos não estava imediatamente disponível para comentar, mas internautas o defenderam dizendo que a apresentação era uma recriação de cenas satíricas do filme do álbum de sucesso da banda, “The Wall”, uma crítica ao fascismo.
Imagens de um show em 17 de maio mostraram o famoso cantor e baixista em um casaco longo com braçadeiras brilhantes, apontando uma metralhadora falsa para o público.
A roupa incluía um emblema parecido com uma suástica feito de dois martelos cruzados – iconografia que também apareceu em figurinos no filme de 1982 estrelado pelo astro do rock que virou ativista Bob Geldof.
Símbolos, bandeiras e uniformes nazistas são proibidos na Alemanha. Waters está sendo investigado sob uma lei separada por suspeita de “incitação do povo”, disse a polícia.
O traje usado por Waters “é considerado capaz de violar a dignidade das vítimas, bem como aprovar, glorificar ou justificar o governo violento e arbitrário do regime nazista de uma forma que perturba a paz pública”, disse um porta-voz da polícia.
Outras cidades alemãs, incluindo Munique, Frankfurt e Colônia, tentaram cancelar os shows de Waters depois que grupos judaicos, incluindo o Conselho Central de Judeus, o acusaram de antissemitismo.
Nas redes sociais, Waters se pronunciou sobre o caso. Em publicação intitulada “Uma declaração de Roger Waters sobre a controvérsia em seu show de Berlim” (em tradução livre), ele alegou que sofreu “ataques de má-fé”.
“Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me caluniar e me silenciar por discordarem de minhas opiniões políticas e princípios morais”, começou.
“Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. As tentativas de retratar isso como algo diferente são dissimuladas e motivadas politicamente. A representação de um fascista demagogo e desequilibrado tem sido uma característica dos meus shows desde “The Wall”, do Pink Floyd em 1980″.
Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que eu os visse. Quando eu era criança, depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa, ela se tornou um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo não é controlado. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço final. Independentemente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem”, finalizou.
Por Friederike Heine, da Reuters
Fonte: cnnbrasil.com.br