Policial penal que confessou ter assediado advogadas é novamente afastado das funções

Via @diariodonordeste | A mando da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança (CGD), a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) voltou a afastar das funções, nesta semana, o policial penal que confessou ter assediado diversas advogadas em unidades prisionais do Ceará. As vítimas denunciaram que o profissional havia retornado ao posto neste mês, após ser afastado pela primeira vez em novembro do ano passado.

A SAP detalhou, em nota emitida nesta quarta-feira (31), que o homem foi encaminhado para funções exclusivamente administrativas na última segunda (29). Ela ainda estabeleceu restrições de porte e uso de arma de fogo, conforme determinado pela CGD, órgão que apura e reprime desvios de conduta de integrantes da Segurança Pública do Estado.

"A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização repudia qualquer ato que ofenda a dignidade e o exercício profissional das mulheres", diz o comunicado, que ainda informa que a instituição colabora com os trabalhos investigativos.

No entanto, a assessoria de imprensa da CGD informou, ao Diário do Nordeste, que não teve conhecimento de que o policial penal tenha voltado a atuar no campo operacional, já que, segundo ela, não houve uma decisão permitindo o retorno.

À reportagem, a SAP confirmou que o profissional voltou à função, após o período do afastamento inicial não ser prorrogado. Conforme a comunicação do órgão, o homem foi novamente afastado após a Pasta receber, no início desta semana, novo ofício da CGD reforçando a necessidade do servidor atuar somente pelo setor administrativo, o que foi cumprido de "imediato".

Na semana passada, ao tomar conhecimento do retorno, a Ordem dos Advogados do Ceará (OAB-CE) chegou a requerer à CGD pelo novo afastamento cautelar do profissional. 

SUSPEITO ALEGA TRANSTORNO PSICOLÓGICO

Entre 2020 e 2022, o policial penal fez contatos frequentes, via ligação telefônica e envio de mensagens, com as vítimas, em que falava sobre atos sexuais, detalhes sobre as roupas que elas usavam e até mesmo tentava marcar encontros.

Legenda: Uma das vítimas fingiu interesse nas investidas para descobrir identidade do suposto assediador
Foto: Reprodução

Em novembro do ano passado, o homem se apresentou à Delegacia de Assuntos Internos. Ele confessou o caso e entregou atestado médico com diagnóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), com vício em pornografia e erotização da figura feminina.

Nesta quarta, a SAP confirmou que ele recebe, desde o ano passado, tratamento de profissionais que atuam pelo núcleo de apoio especializado ofertado pela Pasta aos servidores. 

VÍTIMA RELATA MEDO

Uma das seis vítimas do homem, a advogada Ivna Alencar disse ter entrado em "desespero" e a ter "crises de ansiedade" ao saber do retorno ao trabalho do agente penal.

"Ele anda armado. Ele tem porte de arma. Então, assim, uma pessoa que é capaz de fazer isso, acredito que seja capaz de algo bem pior. Até porque ele sabe quem foram as advogadas que depuseram contra ele, né? Eu me mudei. Tive que fechar minhas redes sociais. Atualmente, eu estou perdendo meus clientes que estão presos onde ele tá atuando." IVNA ALENCAR - Advogada

A criminalista afirmou que descobriu que o policial estava trabalhando em uma unidade prisional onde ela tem grande número de clientes. "Só de pensar em ir lá, eu já sinto um mal-estar muito grande. Comecei a tomar remédios pra ansiedade para controlar isso que eu sinto". 

A advogada Jéssica Rodriguez, outra vítima, declarou que recebeu novas chamadas em modo privado após saber que o agente de segurança retornou ao ofício.

SUSPEITO USAVA INFORMAÇÕES DO SISTEMA INTERNO

Segundo as vítimas, o policial penal acessava os dados pessoais das advogadas através da plataforma de informações do Sistema Penitenciário e entrava em contato com as mesmas para assediá-las e persegui-las. 

Legenda: Mensagens de importunação sexual foram enviadas à vítima pelas redes sociais
Foto: Reprodução

Em novembro de 2022, o servidor confessou os crimes e apresentou atestado médico afirmando sofrer de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), com vício em pornografia e erotização da figura feminina.

Na época, devido ao documento, o policial penal entrou de licença médica na SAP para tratar a doença — antes de ser afastado preventivamente pela CGD.

O homem afirmou ainda que era viciado em pornografia e em jogos de aposta de futebol e, com o tempo, passou a ver as mulheres como objetos. Por isso, segundo ele, tentava se aproximar das advogadas.

Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br

Anterior Próxima