A decisão reverte um entendimento de quase 50 anos. Em 1978, a Corte havia decidido que as universidades não podem criar sistemas de cotas, mas que poderiam usar a raça como critério nas seleções.
O presidente da Suprema Corte dos EUA, o conservador John Roberts, escreveu que o benefício a um estudante que sofre discriminação racial tem que estar relacionado "à coragem e à determinação daquele estudante".
"Em outras palavras, o estudante deve ser tratado com base em suas experiências como indivíduo, e não com base na raça."
Os magistrados decidiram a favor de um grupo chamado "Students for Fair Admissions", fundado pelo ativista conservador Edward Blum.
A decisão foi tomada em processos movidos pelo grupo contra as universidades de Harvard e da Carolina do Norte. Segundo Harvard, cerca de 40% das faculdades e universidades dos EUA consideram a raça de alguma forma durante o processo para selecionar os seus alunos.
Foto de 2019 mostra alunos perto da biblioteca Widener, na Universidade Harvard, nos EUA — Foto: Charles Krupa/Arquivo/AP PhotoDurante o processo, as universidades argumentaram que a raça é apenas um dos fatores usados na seleção, e que restringir esse uso levaria a uma redução significativa nas matrículas de alunos de grupos pouco representados.
Os críticos, por outro lado, argumentam que estudantes brancos e asiáticos estariam sendo prejudicados.
O ex-presidente Donald Trump se pronunciou sobre a decisão dizendo que esse "é um grande dia para os EUA".
Já o ex-presidente democrata, Barack Obama, disse que "apesar de não ser a resposta ideal", as ações afirmativas garantiram que gerações de alunos sistematicamente excluídos tivessem a oportunidade de se mostrar.
Maioria conservadora
A decisão contrária às ações afirmativas de raça em universidades foi tomada por uma Suprema Corte de maioria conservadora. Dos 9 integrantes, 6 foram indicados por presidentes do Partido Republicano – três deles por Donald Trump (2017-2020).
Em 2022, a Corte reverteu outro entendimento histórico e anulou o direito constitucional ao aborto.
A presença de diversas etnias nas universidades norte-americanas
Nas oito universidades da Ivy League (nome que recebem as 8 melhores universidades dos EUA), o número de alunos não brancos aumentou 55% de 2010 a 2021, segundo dados federais.
Esse grupo, que inclui estudantes nativos americanos, asiáticos, negros, hispânicos, das ilhas do Pacífico e birraciais, representou 35% dos alunos nesses campos em 2021, contra 27% em 2010.
O que acontece com quem já está estudando?
Os alunos que já ingressaram na faculdade não terão suas matrículas canceladas. A decisão afeta somente aqueles que estão se candidatando para estudar nas universidades norte-americanas.
Fonte: g1