Entre os argumentos de Zema, está o de que "ninguém pode ignorar o peso expressivo de 256 deputados na Câmara", referindo-se ao total da bancada dessas regiões na Casa. A fala foi criticada pelo presidente do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco (PSD). Em uma rede social, Pacheco defendeu a cultura da união nacional e disse que os mineiros não "cultivam" a "cultura da exclusão".
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que é maranhense, classificou a ideia como "absurda". "Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art. 19, que é proibido 'criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si'. Traidor da Constituição é traidor da pátria, disse Ulysses Guimarães", afirmou.
A Constituição Federal não permite a independência de estados ou a separação do país.
Entenda
Em entrevista no sábado (5), Zema disse que os governadores do Sul e do Sudeste querem mais "protagonismo" na política e na economia e pretendem agir em bloco para evitar perdas econômicas em comparação às outras regiões. O grupo também pensa, segundo o governador, no possível lançamento de um candidato de direita à Presidência nas eleições de 2026.
"Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos: 'Não, senhor'. Nós queremos proporcional à população. Por que sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente", afirmou Zema.
Para o governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), o governador mineiro cometeu equívocos e foi "infeliz" nas declarações. Além disso, para Azevêdo, a declaração de Zema estimula uma divisão entre as regiões no país e não deve ter o apoio dos demais gestores estaduais na mobilização.
"É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no país, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução, e aí vem alguém e faz uma declaração dessa", afirmou Azevêdo.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), saiu em defesa da ideia anunciada por Zema. De acordo com Leite, o que o grupo quer é agir por mais equilíbrio na reforma tributária, e não "discriminar" nenhuma região.
"Nunca achamos que os estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos estados do Sul e Sudeste", disse Leite.
Fonte: R7