Basicamente, o órgão mediu a taxa de absorção específica (specific absorption rate, ou SAR), ou seja, a quantidade de energia eletromagnética emitida pelo aparelho que é absorvida pelo corpo humano — tanto em contato direto (como ao segurar o aparelho com mão ou mantê-lo no bolso da calça) quanto a certa distância (numa bolsa, por exemplo).
A regulamentação europeia prevê que a SAR não pode ultrapassar 4 watts por quilograma para as ocasiões em que haja um contato direto ou os 2W/kg a uma distância de pelo menos 5 milímetros. No iPhone 12, enquanto a SAR está dentro do limite estabelecido para este último caso, ela é de 5,74W/kg para o primeiro — acima da taxa aceita.
O órgão determinou que a Apple, além de suspender as vendas da linha, deve tomar imediatamente todas as medidas necessárias para impedir que os aparelhos sejam disponibilizados no mercado, bem como medidas para corrigir os níveis de SAR emitidos nos aparelhos já vendidos — sob pena de ter que recolher as unidades.
Em entrevista ao jornal Le Parisien, o ministro de transição digital e telecomunicações do país, Jean-Noël Barrot, afirmou que a Apple tem 15 dias para aplicar as correções necessárias, as quais, segundo ele, podem ser feitas com uma simples atualização de software.
Prometendo prontidão para ordenar um recall dos iPhones 12 em circulação caso a empresa se recuse a atender a ordem, ele destacou que mesmo assim os consumidores devem ficar tranquilos, visto que o limite estabelecido pela Europa é dez vezes inferior ao nível de emissões que podem ser prejudiciais aos usuários (de acordo com estudos).
O Le Monde, por sua vez, ressaltou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que atualmente não há indícios de que “a exposição a campos eletromagnéticos de baixa intensidade seja perigosa para a saúde humana” — apesar de haver muita investigação sobre o tema por aí.
Apple responde
A Apple não perdeu tempo e já refutou as alegações do órgão francês sobre as altas taxas de radiação. Ela afirmou que recorrerá da proibição das vendas.
Além disso, a empresa disse que forneceu à ANFR documentação de várias agências reguladoras internacionais — as quais confirmam que a Apple cumpre os limites de exposição recomendados em todo o mundo.
Embora conteste os resultados dos testes da AFNR, a Maçã explicou que não vai interromper a comunicação com a agência, mas sim “continuar a discussão para garantir que o modelo não seja descontinuado”.
Como observado pelo AppleInsider, não está claro, porém, se a resposta dada pela Apple suspende o prazo supracitado ou se a companhia ainda deverá aplicar as correções necessárias dentro de duas semanas.
Cabe lembrar que, com o anúncio do iPhone 15, a Maçã deixou de vender o iPhone 12 oficialmente — o que significa que, pelo menos a questão das vendas não vai causar uma grande dor de cabeça à empresa. Talvez, quem sabe, às revendedoras que ainda tenham grandes estoques dos aparelhos.
Por Douglas Nascimento
Fonte: macmagazine.com.br