"O salário que você ganha [sendo negro] não é só seu", justificou. "Se eu trabalho na Globo, ganho o cachê de R$ 20 mil no comercial que fiz, mas tem uma tia minha cujo filho, meu primo, está preso, eu tenho que ajudar. E meu primo está preso por que? Porque o cenário social condicionou essa situação".
"Se aquele 'negão' ganha o mesmo salário que você, com todas as fragilidades estruturais nas quais o povo preto foi colocado, esse salário na vida dele vale 60% a menos. Então, pela lógica, ele tinha que ganhar três vezes o que você ganha", disse.
"Essa lógica de equiparação é uma lógica que dói, porque tem uma galera [branca] que quer meter o papo de aliado, mas ninguém quer dividir o privilégio", afirmou. Para ele, brancos apoiadores da luta antirracista poderiam se sentir prejudicados por sua argumentação, mas "dividir o privilégio é dividir o dinheiro".
"Você, talvez, seja um branco que se esforça para não reproduzir os equívocos dos seus ancestrais. Mas você é beneficiado pelo que eles fizeram. Não estou falando que você tem culpa, estou falando que você tem responsabilidade", disse Manoel ao anfitrião do podcast, Rogério Vilela.
"Com certeza, o que eles fizeram te colocou onde você está, e eu sou prejudicado pelo que seus ancestrais fizeram. Seu filho, com 6 anos, tem um universo de perspectiva na vida que o meu não tem. Às vezes, para entregar para o meu filho uma possibilidade melhor na vida, sou obrigado a virar para você e dizer: 'Mano, vamos dividir esse bolo'", disse.
Fonte: terra.com.br