As entidades envolvidas na campanha #PretaMinistra afirmam que o calendário de ações deve continuar para pressionar o presidente Lula (PT) para indicações a outros tribunais do país.
Levantamento divulgado no início do mês pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) indica que 15% dos magistrados brasileiros se declaram negros, em um universo de 13.272 profissionais.
"Vamos continuar a campanha aprofundando a importância dos juristas negros, a partir de uma perspectiva também de que a Justiça atua muito sobre essa agenda racial e precisamos que nesses espaços existam mais juristas comprometidos com os direitos da população negra", diz Ingrid Farias, da Coalizão Negra por Direitos, que reúne 250 entidades do movimento negro.
Um grande telão no meio de prédios e pessoas circulando mostra uma menina negraUm grande telão no meio de prédios e pessoas circulando mostra uma menina negra
Telão na Times Square, em Nova York, exibe curta por ministra negra no STF - DivulgaçãoEm agosto, cartazes cobrando a indicação de uma mulher negra ao Supremo foram fixados na avenida Paulista. Na semana da reunião da cúpula do G20, na Índia, painéis foram distribuídos ao longo da principal via de saída do aeroporto de Nova Déli, por onde Lula e outros chefes de Estado chegaram ao país.
Em inglês, os outdoors diziam "em 132 anos, o Brasil nunca teve uma mulher negra no STF", "presidente Lula, contamos com você para indicar uma mulher negra para o STF" e "os votos de mulheres e negros foram essenciais para a eleição de Lula em 2022".
Na terça-feira (12), o Instituto de Direito da População Negra, a Coalizão e Nossas –responsáveis também pelas demais ações– exibiram na Times Square, em Nova York, o teaser do curta-metragem "Todo Mundo Tem um Sonho", de Mayara Aguiar.
Narrado por Taís Araújo, o vídeo mostra uma menina negra (Lua Miranda), que conversa com a mãe (Mariana Nunes) sobre o que pode ser quando crescer. Ao ouvir que pode se tornar ministra do STF, a menina questiona: igual a quem, mãe? A narração de Taís destaca que o Brasil nunca teve uma ministra negra no Supremo.
Nas redes sociais, Taís afirmou que a iniciativa é um manifesto urgente e pediu apoio para a campanha.
"Conto com a força de quem acredita ser possível reescrever essa história tendo a participação efetiva do nosso povo nesse importante espaço de decisão para o país. Compartilhar esse vídeo já é participar."
A pressão pela indicação também tem chegado na caixa de emails da Presidência da República, para onde a Coalizão tem endereçado mensagens questionando Lula sobre a indicação de uma mulher negra.
Um abaixo-assinado que já somava mais de 30 mil assinaturas nesta sexta-feira (15), grafites e um podcast sobre o tema são outras iniciativas que fazem parte da mobilização.
Até o final do mês, um ato público para intensificar o pleito deve ser realizado em Brasília com a presença de movimentos, profissionais do meio jurídico e influencers.
"Sou uma eterna otimista. A campanha está tendo uma repercussão positiva, apesar de comentários ruins vindos de dentro da própria esquerda. Temos conseguido pautar a discussão fora da bolha em conjunto com várias organizações e com apoio da mídia e da classe artística", diz Juliana Sanches, diretora jurídica do Instituto de Defesa da População Negra.
Por Géssica Brandino
Fonte: folha.uol.com.br