Isso significa que nenhuma mulher ou profissional de saúde poderá ser punido por interromper uma gravidez voluntariamente, e que as instituições de saúde federais terão que oferecer o serviço. O texto previa prisão de até cinco anos para a mãe e de até seis anos para o profissional, exceto em casos de estupro e risco de morte da grávida.
Faixa com a frase "Aborto fora do Código Penal" é pendurada em prédio no centro da Cidade do México no Dia Internacional da Mulher, 8 de março - Quetzalli Nicte-Ha - 8.mar.2023/File Photo/ReutersCom a decisão, o país se soma a uma onda de descriminalização na América Latina —que vai na contramão do que ocorreu nos Estados Unidos, onde a Suprema Corte derrubou o direito constitucional ao aborto em 2022.
Na prática, o aborto já era descriminalizado em parte dos estados mexicanos, como na capital Cidade do México, que foi a primeira a excluir as penas 16 anos atrás. Desde então, foram realizados mais de 234 mil procedimentos legais na cidade até março de 2021, dos quais 63 mil foram de mulheres que se deslocaram de jurisdições vizinhas.
Há dois anos, no início de setembro de 2021, uma outra decisão da Corte também abriu espaço para que os governos locais legalizassem o procedimento. Naquela ocasião, os juízes determinaram que o Código Penal do estado de Coahuila, na fronteira com o Texas, era inconstitucional.
A partir dessa decisão, a organização feminista Gire (Grupo de Informação em Reprodução Escolhida) entrou com uma ação contra o Congresso e o Executivo federal, por terem promulgado uma legislação que criminalizava o aborto. Segundo o grupo, como a medida foi aprovada por unanimidade pela primeira turma da Corte Suprema, terá que ser seguida por todos os juízes locais e federais do México.
Manifestante pelo direito ao aborto na Cidade do México - Paola Garcia - 28.set.22/ReutersFonte: folha.uol.com.br