A compreensão dos princípios da ampla defesa, contraditório, legalidade, impessoalidade e proporcionalidade é fundamental para assegurar que seus direitos sejam preservados durante todo o processo.
Neste artigo, abordarei os fundamentos essenciais que sustentam o devido processo legal nesse contexto, fornecendo orientações valiosas para aqueles que enfrentam um PAD.
Ao dominar esses princípios, você estará melhor preparado para enfrentar as etapas do PAD com segurança e embasamento jurídico sólido.
O que é o processo administrativo disciplinar?
O processo administrativo disciplinar (PAD) tem como finalidade investigar infrações cometidas por servidores públicos, iniciando-se com a abertura de uma sindicância.
Na fase inicial desta investigação, caso seja constatado que não houve qualquer irregularidade, o PAD é arquivado.
Porém, caso contrário, dá-se início ao Processo Administrativo Disciplinar, o qual se divide em três etapas:
1. Instauração;
2. Inquérito;
3. Julgamento.
Assim como em todo processo judicial ou administrativo (como é o caso do PAD), é necessário respeitar os princípios fundamentais, especialmente os da legalidade e do direito à ampla defesa por parte do servidor investigado.
Caso esses princípios do processo administrativo não sejam observados, é possível solicitar a sua anulação.
Como se inicia o PAD?
Após a sindicância investigar possíveis irregularidades cometidas pelo servidor e sua publicação no Diário Oficial da União (DOU), o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é iniciado pela autoridade competente.
Uma comissão interna é responsável por conduzir todo o PAD, incluindo apuração, investigação e designação dos membros, respeitando as limitações legais, com prazo padrão de 60 dias para conclusão.
Durante a fase inicial do PAD, a comissão deve seguir os princípios de imparcialidade, impessoalidade e sigilo.
Esses princípios garantem que não haja favorecimentos pessoais, protegendo o interesse da Administração Pública e evitando a estigmatização do servidor antes da conclusão do processo.
Por essa razão, o nome do servidor não deve ser divulgado durante o PAD.
O que pode acontecer no PAD?
Durante o PAD, o servidor não pode ser exonerado a pedido nem se aposentar voluntariamente até que o processo seja concluído e a punição, se houver, seja cumprida.
Ao servidor investigado é garantido o direito à ampla defesa, incluindo o princípio do contraditório, permitindo que ele conteste os fatos em apuração.
Isso possibilita solicitar provas, apresentar defesa escrita e oral, trazer testemunhas e solicitar perícias, entre outros recursos legais.
Embora não seja obrigatório, é altamente recomendável que o servidor acusado tenha o auxílio de um advogado especialista para conduzir sua defesa e assegurar maior segurança jurídica.
O PAD pode resultar em diferentes sanções ao servidor público como:
• advertência;
• demissão;
• suspensão;
• perda de cargo em comissão (para servidores sem vínculo efetivo); e
• cassação de aposentadoria.
Para evitar tais situações, é crucial conhecer seus direitos e saber se defender adequadamente, buscando, se possível, anular o PAD.
Princípios do Direito no processo administrativo disciplinar
No contexto do processo administrativo disciplinar, três princípios são especialmente relevantes: o princípio da ampla defesa, o princípio do devido processo legal e o princípio da presunção de inocência.
Princípio da ampla defesa
O princípio da ampla defesa garante que o acusado tenha a oportunidade de se manifestar, apresentar provas e argumentos, além de contar com a assistência de um advogado.
Esse princípio é crucial para equilibrar o poder do Estado e garantir que o acusado possa exercer plenamente seu direito à defesa.
Princípio do devido processo legal
O princípio do devido processo legal estabelece que todo o processo deve ter uma condução de acordo com as normas legais, respeitando os direitos e as garantias fundamentais do indivíduo.
Isso implica em uma atuação pautada pela legalidade, imparcialidade, contraditório e ampla defesa, sendo evitado qualquer tipo de arbitrariedade.
Princípio da presunção de inocência
O princípio da presunção de inocência estabelece que todo indivíduo é inocente até que se prove o contrário, ou seja, até que haja uma decisão final que comprove sua culpabilidade.
Esse princípio busca evitar condenações precipitadas e assegurar que somente após a devida análise das provas e do contraditório é que se possa estabelecer a culpabilidade do acusado.
É importante, porém, ressaltar que esses princípios não são meras formalidades, mas sim garantias fundamentais que visam proteger os direitos individuais e a segurança jurídica.
Princípio da proporcionalidade e razoabilidade
No PAD, o princípio da proporcionalidade exige que haja coerência na aplicação das sanções de acordo com a gravidade da infração.
Isso significa que as medidas disciplinares devem ter razoabilidade, considerando, assim, as circunstâncias do caso.
Princípio do contraditório e da ampla instrução probatória
No PAD, o princípio do contraditório assegura ao acusado o direito de participar ativamente do procedimento, sendo informado sobre as acusações e tendo a oportunidade de se manifestar em sua defesa.
A ampla instrução probatória, por sua vez, garante que todas as partes envolvidas acessem as provas produzidas e a possibilidade de produzir suas próprias provas.
Isso inclui o direito de apresentar testemunhas, perícias e documentos que possam contribuir para a análise justa e imparcial do caso. Além do princípio do contraditório, alguns outros devem ser observados, tais quais:
• Legalidade;
• Finalidade;
• Motivação;
• Proporcionalidade;
• Moralidade;
• Segurança jurídica;
• Interesse público;
• Eficiência.
Então, todos os princípios que comentamos acima devem ser seguidos, mas, se não forem, a consequência será a anulação de todo o PAD.
O que fazer se os princípios do direito forem violados no PAD?
Caso os princípios do direito sejam violados durante o PAD, é possível tomar medidas para corrigir eventuais irregularidades.
O interessado pode interpor recursos administrativos, solicitando a revisão do procedimento ou a anulação de atos viciados.
Também é possível recorrer ao Poder Judiciário, por meio de mandado de segurança, para garantir o respeito aos princípios constitucionais e legais no processo disciplinar.
Conclusão
Os princípios do direito no processo administrativo disciplinar são fundamentais para garantir um procedimento justo, ou seja, deve ser transparente e imparcial na apuração de infrações funcionais.
Caso estes princípios sofram violações no PAD, o servidor tem o direito de recorrer e buscar a correção das irregularidades.
Por Agnaldo Bastos - Advogado atuante no Direito Administrativo, especialista em causas envolvendo concursos públicos e servidores públicos, Sócio Proprietário do escritório Agnaldo Bastos Advocacia Especializada.