No pedido apresentado na noite de quinta-feira (26) ao Tribunal Distrital dos EUA em Manhattan, a Argentina afirmou que a execução da sentença, ou a exigência de que o país deposite garantias financeiras, prejudicaria uma nação que já está sofrendo com uma severa inflação e seca.
A defesa do segundo maior país da América do Sul apontou que tal sentença tomaria o equivalente a quase 20% de seu orçamento, o que tornaria mais difícil a estabilização do peso argentino e a redução de sua dívida de 235 bilhões de dólares.
Também argumentou que a execução causaria “sérias dificuldades” para seus mais de 45 milhões de habitantes, tornando mais difícil o fornecimento de energia, saúde, transporte, água e esgoto e outros serviços básicos.
A sentença foi resultado da decisão da Argentina de confiscar, em abril de 2012, uma participação de 51% da YPF detida pela espanhola Repsol, alegando que um subinvestimento justificava a aquisição, sem fazer uma oferta para as ações detidas por investidores minoritários.
Dois investidores, a Petersen Energia e a Eton Park Capital Management, entraram com o processo e, no mês passado, a juíza distrital dos EUA Loretta Preska concedeu-lhes 16,1 bilhões de dólares em indenização, incluindo juros.
A Burford Capital, que financiou o litígio e, de acordo com os documentos do tribunal, tinha direito a 70% e 75% das indenizações da Petersen e da Eton Park, considerou a decisão de Preska uma “vitória completa”.
A Argentina havia argumentado que não deveria pagar mais do que 4,92 bilhões de dólares. A Repsol acabou recebendo uma indenização de cerca de 5 bilhões de dólares.
Os advogados da Petersen e da Eton Park não responderam imediatamente a pedidos de comentários nesta sexta-feira (27).
Preska decidirá se suspende a execução da sentença enquanto a Argentina recorre ao 2º Tribunal de Apelações do Circuito dos EUA, em Manhattan.
O país está enfrentando uma inflação de mais de 100% ao ano, reservas cambiais escassas e aumento da pobreza.
No próximo mês, haverá um segundo turno nas eleições presidenciais entre Sergio Massa, ministro da Economia da coalizão peronista de centro-esquerda, e Javier Milei, economista libertário de extrema-direita.
O primeiro lugar de Massa nas eleições gerais de domingo (22) foi uma surpresa. Milei vinha liderando muitas pesquisas de opinião.
Por Jonathan Stempel da Reuters
Fonte: cnnbrasil.com.br