Advogado vai ao STF com nomes de crianças m0rt4s a tiros colados em paletó

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Via @folhadespaulo | O advogado Djeff Amadeus fez uma espécie de manifestação silenciosa no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) durante o julgamento da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) Vidas Negras, iniciado nesta quinta-feira (22).

Amadeus representa o IDPN (Instituto de Defesa da População Negra), que participa como amicus curiae (amigo da corte) da ação que pede o reconhecimento da existência de um estado de coisas inconstitucional decorrente do racismo estrutural e institucional no Brasil.

O advogado Djeff Amadeus exibe tiras coladas ao seu paletó durante manifestação no plenário do STF, em Brasília - TV Justiça/Reprodução

Ao tomar a palavra, o advogado abriu seu paletó e exibiu diversas tiras coladas ao tecido da peça. Cada uma delas trazia o nome de crianças e adolescentes que foram assassinados por armas de fogo em 2023 —muitos deles, durante operações policiais.

"Cada tira dessas, Excelências, representa o nome de uma criança que teve o seu sonho de viver interrompido. E o faço porque hoje essas pessoas se farão presentes na eternidade do Supremo Tribunal Federal", afirmou Amadeus.

Um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que, entre 1º de janeiro e 22 de agosto deste ano, ao menos 24 crianças e adolescentes foram mortos por armas de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Movimento negro faz ato contra violência policial

"A forma como nós tratamos os mortos diz muito sobre eles, mas, sobretudo, sobre a gente. Diz-me como o seu país trata os mortos que direi o tipo de democracia que o seu país tem", disse o advogado, antes de afirmar que o racismo estrutural pune pessoas negras pelo simples fato de elas serem negras.

Ao final de sua exposição, Djeff Amadeus recitou os versos de um poema de sua autoria. Um trecho da obra cita o menino João Pedro Mattos Pinto, morto aos 14 anos, no Rio de Janeiro, após ser atingido nas costas por um tiro de fuzil. O caso ocorreu em 2020.

"Nós cansamos de gritar: 'Presente!'/ Eu quero gritar: 'Vivo!'/ O povo preto vive/ E vira professor, ministro ou doutor/ Viva, João Pedro Mattos, advogado e defensor", declamou Amadeus.

Por MÔNICA BERGAMO com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
Fonte: folha.uol.com.br

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