Por meio de nota, a Câmara Municipal repudiou o episódio e citou uma agressão do vereador contra a jornalista e atual secretaria da Mulher de João Pessoa, Nena Martins, que confirmou a existência do incidente. Veja abaixo o momento da fala de Pedro Aureliano, nesta quinta-feira.
— Esse caso é muito grave, porque a violência para contra a coletividade. Não é contra uma mulher especificamente. Muito triste ver um homem falar isso em uma sessão legislativa — disse ao GLOBO a secretária estadual da Mulher e da Diversidade Lídia Moura.
Os vereadores debatiam sobre a possibilidade de conceder uma moção de aplausos ao ex-diretor do Hospital Regional de Piancó. Aureliano se posiciona contrário e alega que o profissional não ia ao município, apesar do cargo. Militão era o autor do pedido de moção de aplausos ao médico.
— Ele não veio quatro vezes a Piancó. Só vinha quando tinha festas. Isso não é só eu que digo. São vários funcionários do hospital. Ele entrou no hospital só para receber dinheiro (...) Ele pode ser amigo, pode ser tudo. Mas, como diretor, ele deixou a desejar —, diz o vereador do Cidadania.
— O que muito me estranha é a gestão anterior. Ela era muito presente e não fazia nada — responde Militão, que minutos depois sugere uma explicação para o voto contrário de Aureliano — O problema é outro (...) Quando o doutor entrou no hospital, tinha uma irmã de um vereador que tinha luxo e modornia no hospital, fazia de hotel. Quando o doutor entrou, acabou com isso. Por isso que o doutor não presta.
Militão cita também supostos cabos eleitorais no hospital. A partir daí a troca de acusações, ofensas e ameaças entre os dois cresce. Em dado momento, Militão chama Aureliano de analfabeto:
— Sou analfabeto, mas tenho honra (...) Tenho honra e tenho caráter — diz o vereador do Cidadania, na gravação.
— Tem, tem muito caráter. Todo mundo conhece qual é o seu caráter. Bateu numa mulher — responde Militão.
— Eu bato e bato em você também. Então, venha para cá. — diz Aureliano, enquanto se levanta da cadeira, pouco antes da sessão ser suspensa.
Procurado pelo GLOBO, o vereador Pedro Aureliano ainda não se manifestou. A Câmara Municipal de Piancó disse repudiar a declaração do parlamentar. Ainda segundo a casa legislativa, uma das vereadoras presentes durante a discussão protagonizada por Pedro Aureliano, nesta quinta-feira, foi empurrada pelo homem. Maria de Fátima, conhecida como Tia Cotil, está em "estado de choque e com receio de frequentar a câmara", afirma a nota.
Jornalista e secretária de João Pessoa relembra agressão
Secretária municipal da Mulher de João Pessoa relatou ter sido agredida por vereador — Foto: ReproduçãoA nota da Câmara Municipal de Piancó cita ainda um episódio de agressão do vereador contra a jornalista e secretaria da Mulher de João Pessoa , Nena Martins. Em entrevista a rádio BandNews, ela relembrou o caso, ocorrido em 1994:
— Eu estava como radialista na cidade do Piancó (...) Em um sábado, eu fui apresentar o programa com a presença de alguns vereadores no estúdio. E um ouvinte ligou para o programa denunciando o agressor, dizendo que ele estava comentendo um erro, um crime, na cidade (...) Terminou o programa e eu fui para o hotel em que eu residia na cidade. Ele estava me aguardando, com outra pessoa. Percebi que ele estava muito embriagado, e ele ficou me agredindo com palavras, muito agressivo, e se aproximou. Ele veio bater com os papeís na minha cara, dizendo assim: 'Leve esses documentos e mostra para quem estava no estúdio que eu não cometi esse erro'.
A jornalista relata ter se assustado e caído logo em seguida, tendo cortado o braço. Pedro Aureliano, relata Martins, seguiu tentando agredi-la com chutes. Ela relata ainda ter conseguido deixar o local e feito um boletim de ocorrência. Pedro Aureliano foi posteriormente condenado ao pagamento de cestas básicas pelo episódio, segundo ela.
Por Paulo Assad
Fonte: oglobo.globo.com