Patrícia está no time de defesa do empresário desde o ano passado. Além da condenação, Brennand ainda responde por outras ações de abuso e violência contra as mulheres. “Para mim, é uma decepção dantesca ver alguém que tinha a maior admiração, que foi a minha professora que tanto admirei assumir um caso desses, sendo que já está na posição de poder escolher quais casos quer patrocinar, tristeza e decepção sem fim”, afirmou a também colega de profissão, Laís Bianca.
Pela lei brasileira, todos têm direito a se defender, mas os comentários questionam a imoralidade da decisão. “A questão é de coerência. Coerência entre a bandeira que te elegeu — defesa contra a violência da mulher, direitos humanos, direitos das minorias — e a contratação para atuar em favor de um violentador assumido”, ponderou a advogada Hello Mello em outro comentário nas redes sociais.
“Coerência é entender que ou se defende o direito da mulher de não ser vítima de crimes como esse e se posiciona a favor das vítimas, ou se defende o violentador confesso. Fazer as duas coisas fica bastante incoerente”, ainda afirmou a advogada na mesma publicação.
Patrícia se pronunciou num vídeo em suas redes comentando o caso. Nele, a criminalista explica mais sobre as prerrogativas da advocacia, garantida por lei, e afirma que o profissional não pode sofrer violência. “É bom lembrar que a violação da prerrogativa da advocacia é crime”, ressalta.
Em nota, o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, defendeu que "até o pior dos acusados deve ter direito a uma defesa qualificada" e que "a prioridade da OAB é defender as prerrogativas das advogadas e advogados, independentemente dos clientes que eles representem".
"A OAB jamais aceitará que façam uma confusão entre o advogado e seus clientes para desqualificar o profissional. Se necessário, adotaremos providências para assegurar as condições de trabalho da presidente da OAB-SP, que tem atuação reconhecida na advocacia criminal e atua no caso citado de forma legítima", afirmou Simonetti.
Relembre o caso
O caso do empresário ganhou repercussão depois que ele foi flagrado por câmeras de segurança ao agredir a modelo Alliny Helena Gomes em uma academia no Shopping Iguatemi, em uma área nobre da capital paulista, no dia 3 de agosto de 2022. Depois, outras mulheres decidiram denunciá-lo.
A estudante de medicina Stefanie Cohen, de 30 anos, é uma das denunciantes. Em outubro, ela revelou ao R7 que foi estuprada por Brennand. Na época, disse que foi dopada e abusada: “Percebi que falar sobre isso faz parte da minha cura”.
Em outubro do ano passado, o empresário foi condenado a dez anos e seis meses de prisão, inicialmente em regime fechado, pelo crime de estupro na 2ª Vara de Porto Feliz, no interior de São Paulo. O homem também deverá indenizar a vítima no valor mínimo de R$ 50 mil pelos danos morais sofridos. Brennand recorre da decisão.
A sentença, referente ao caso de estupro de uma mulher americana que mora no Brasil, foi dada pelo juiz Israel Salu. Essa é a primeira condenação de Brennand, réu em sete processos — outros dois já foram arquivados após acordos com as vítimas.
As acusações contra Brennand variaram entre estupro, sequestro, cárcere privado, agressão física e ameaça, entre outros crimes.
Fonte: R7