Segundo Marcelli de Lima Pereira, que também é mãe de outro menino, há mais de um ano ela havia contratado a suspeita para ficar com as crianças nos dias em que estava de plantão no trabalho.
Na última segunda, Marcelli contou que trabalhou na madrugada de domingo (11), e os filhos ficaram com o pai. Quando chegou em casa, já de manhã, ligou para a cuidadora para ficar com os meninos para poder dormir.
A mãe disse que a mulher chegou na casa da família por volta das 9h. Na hora do almoço, Marcelli relata que acordou, foi até a sala e viu a cuidadora cochilando no sofá, ao lado do filho de 11 anos, que tem autismo nível 3 e não consegue se comunicar.
'Soquinhos' e 'cosquinha'
Um dos momentos das agressões — Foto: Reprodução/TV GloboMarcelli contou ainda que, em determinado momento, Lucas se mexeu, e a suspeita deu uma cotovelada na criança. Em seguida, ambas começaram a discutir, e a suspeita teria dito que estava brincando e que esse tipo de brincadeira era comum entre eles, inclusive com "soquinhos" e "cosquinha" na região genital.
Marcelli, então, pediu para a cuidadora ir embora e passou a analisar as imagens das câmeras de segurança. Quando viu as agressões, ela chamou a polícia.
No momento que a viatura levava a mãe e a criança para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), os policiais viram a suspeita entrando em uma padaria.
Eles a abordaram, chamaram uma nova viatura e a levaram para a delegacia. Na 30ª DP (Marechal Hermes), os investigadores analisaram os vídeos da câmera de segurança da casa e prenderam a cuidadora em flagrante.
Hematomas e arranhões
Suspeita de agressão trabalhava com a família da criança há 1 ano — Foto: Reprodução/TV GloboA mãe da criança contou que desconfia que a cuidadora tenha agredido o filho outras vezes. A mulher lembrou ainda que o menino era muito ativo e costumava aparecer com hematomas e arranhões, mas nada que chamasse a atenção.
No entanto, quando a criança aparecia com um "machucado maior", a mulher, segundo Marcelli, tinha uma explicação muito coerente e isso nunca a fez desconfiar.
Agora, depois do que aconteceu na segunda, a mãe se emociona ao lembrar que o menino sempre chorava quando a suspeita chegava para ficar com ele. Marcelli acreditava que que a reação do menino era por ela ter que sair para trabalhar.
A mãe diz que a cuidadora era uma pessoa de confiança da família do pai dos meninos e tinha trabalhado 16 anos no restaurante do avô paterno das crianças.
"Essa pessoa me acompanhava há 1 ano e 2 meses. Era uma pessoa que tinha recomendação, que já tinha trabalhado com a família do pai dele, é conhecida, e estava disponível. Demonstrava na minha frente amor e carinho ao meu filho. Infelizmente, isso aconteceu", disse.
"Eu estou aqui por justiça, eu estou aqui por visibilidade, para pessoas que passam pela mesma coisa que eu passo. E, principalmente, para que ninguém mais passe, para que nenhuma mãe sinta a dor que eu estou sentindo."
O Tribunal de Justiça do RJ não informou se a mulher passou por audiência de custódia e se sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
A TV Globo tenta contato com a defesa da suspeita.
Por Francini Augusto, Bom Dia Rio
fonte: g1