O valor total das indenizações seria proveniente de oito apólices (contratos) de seguro diferentes feitas em cinco empresas, noticiou o blog “Page Not Found”, do jornal Extra, com base em informações da revista “Newsweek”.
Para receber as indenizações, Chang alegou ter se ferido enquanto andava de scooter à noite – alegações contestadas por quatro das cinco seguradoras, já que uma delas chegou a desembolsar o equivalente a R$ 35 mil.
Contudo, a farsa foi descoberta após a investigação do caso confirmar que as temperaturas não estavam frias o suficiente para queimaduras graves. Fotos do hospital também apontaram que Chang apresentava lesões simétricas, o que dificilmente ocorre em situações de congelamento como a alegada por ele.
A polícia também informou ter encontrado um balde com gelo seco usado por Chang e seu cúmplice que o mantiveram amarrado em uma cadeira com as pernas imersas por horas no recipiente contendo a substância.
Ainda de acordo com a investigação, fotos de Chang foram tiradas com as pernas no balde. A motivação para amputar as próprias pernas e receber a indenização, apontou a investigação, seria a de “conseguir dinheiro rapidamente” para fugir de “uma gangue que estaria atrás dele”.
Chang, usando próteses, e o comparsa dele, Liao, foram presos e indiciados por fraude.
E no Brasil?
Um estudo recente da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização), representante do mercado segurador no Brasil, apontou que as fraudes comprovadas contra as seguradoras somaram R$ 824,9 milhões em 2022, o que representa aproximadamente 16,1% do valor dos sinistros (ocorrência do risco previsto no contrato de seguro que gera a indenização) suspeitos.
De acordo com o levantamento, os pedidos de indenização suspeitos totalizaram 11,4% dos R$ 44,7 bilhões pagos aos clientes, sendo que apenas 16,1% ficaram comprovados como fraude.
Na América Latina, as fraudes relacionadas a seguros resultaram em perdas anuais de aproximadamente US$ 50 bilhões, sendo a Argentina o país com maior incidência. Segundo a Fides (Federação Interamericana de Empresas e Seguros), cerca de 45% das contratações no país vizinho apresentam irregularidades.
As fraudes mais comuns são as consideradas de oportunidade, quando o segurado ou beneficiário recebe um valor a que não teria direito ou um valor superior ao devido, como, por exemplo:
• fracionar as despesas de saúde para recebimento indevido de reembolso
• entregar veículo segurado para criminoso com objetivo de dar fim ao bem
• receber a indenização do seguro ou até reclamar indenização de bens não existentes em sua residência ou empresa.
Por Jamille Niero
Fonte: infomoney.com.br