Segundo o administrador judicial da falência da marca, Fábio Rodrigues Garcia, o leilão da marca Pan foi um passo importante para todo o processo de falência da empresa.
“O valor arrecadado vai ajudar a quitar parte das dívidas com os credores, vamos conseguir quitar todos os débitos com os funcionários. Além disso, o leilão vai possibilitar que a marca Pan retorne ao mercado, com uma nova gestão, uma nova proposta, gerando mais emprego e renda.”
Para o leilão, uma perícia havia sido determinada pelo juiz que decretou a falência da Chocolates Pan, a marca responsável pela fabricação de moedas, lápis e cigarrinhos de chocolate, e apontou que o valor mínimo de mercado era R$ 27,5 milhões.
No entanto, não houve proposta nos primeiros dois leilões, em 1º de fevereiro e em 16 do mesmo mês. Seguindo a lei, o terceiro leilão começou com um lance e 12 licitantes, que fizeram as propostas até chegar ao valor arrematado. Assim que for realizada a homologação pelo juiz e o pagamento proposto, o procedimento decreta o fim da antiga fase da marca.
A empresa teve a falência decretada no final de fevereiro de 2023.
O leilão da marca Chocolates Pan foi feito pela empresa Positivo Leilões, a mesma responsável pelo leiloamento da fábrica, localizada no bairro de Santa Paula, área nobre de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
A fábrica com os equipamentos foi arrematada pela empresa de chocolates Cacau Show pelo valor de R$ 71 milhões.
Antiga Fábrica da Chocolates Pan no bairro de Santa Paula, em São Caetano do Sul, Grande SP. — Foto: DivulgaçãoA aquisição da fábrica foi feita pela empresa CSH Administração de Bens Intangíveis Ltda, braço de investimentos do Grupo Cacau Show, que pagou pelo espaço de 10.432 m² um valor 33% superior ao preço inicial estipulado pela Justiça para a realização do leilão.
A Cacau Show arrematou todos os itens leiloados, comprando a área do imóvel onde ficava a fábrica, bem como os equipamentos e as máquinas do local.
A empresa tinha 85 anos e quatro filiais. Em outubro de 2016, foi comprada pelo Grupo Brasil Participações. A administradora judicial tinha afirmado nos autos que havia a necessidade da decretação da falência.
Parte interna da antiga Fábrica da Chocolates Pan no bairro de Santa Paula, em São Caetano do Sul, Grande SP. — Foto: ReproduçãoEm nota, anteriormente, a Procuradoria Geral do Estado, responsável pelos débitos inscritos em dívida ativa da empresa, disse que a Pan tinha mais de R$ 126 milhões em débitos inscritos.
Até a decretação de falência, o quadro de funcionários era de 52 pessoas. A empresa afirmou que o faturamento sofreu queda com a reestruturação de 2017 e que, durante a pandemia de Covid-19, houve uma redução ainda maior.
Tradição
Chocolates Pan — Foto: Reprodução/InstagramEntre os produtos mais tradicionais da companhia, estão, além do cigarrinho, o "chocolápis" (lápis de chocolate) e as moedas, também de chocolate.
A companhia foi fundada em 12 de dezembro de 1935, quando os primeiros produtos fabricados foram o Cigarrinho de Chocolate e a Bala Paulistinha — inspirada na Revolução Constitucionalista de 1932 —, além de barras de chocolate em formato quadrado.
A Pan foi aberta pelos engenheiros Aldo Aliberti e Oswaldo Falchero, na Rua Maranhão, na cidade de São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
Em 1941, um concurso foi promovido com um álbum com figuras astronáuticas. As pessoas encontravam as figurinhas nas balas paulistinhas para colar nos álbuns. Para quem completasse alguma página ou até o álbum inteiro eram dados diversos prêmios. A promoção durou dois anos.
Os produtos mais vendidos atualmente, segundo a empresa, são o pão de mel, que foi lançado em 1945, granulado para doces, moedas de chocolate ao leite, bombons e bala de goma.
Em outubro de 2016, aos 81 anos, a Pan mudou de donos. O negócio familiar de doces foi adquirido pelo Grupo Brasil Participações.
Fonte: g1