“Se a Justiça não reage de maneira adequada, nas próximas eleições o grupo que perder vai achar que pode fazer a mesma coisa. Ou se nós não enfrentamos a tentativa de golpe, o próximo que perder também vai achar que pode articular um golpe. O direito tem esse papel dissuasório de novos comportamentos ilícitos”, disse Barroso em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (7/4).
Perguntado se vê indícios de que o ex-presidente comandou a trama golpista, o ministro se esquivou: “O processo ainda não chegou ao plenário do Supremo. Não tenho opinião sobre isso e, mesmo que tivesse, jamais a anteciparia”.
Voto impresso
Barroso citou como momento mais difícil enfrentado no governo Bolsonaro a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, em agosto de 2021.
“O pior momento foi o risco da volta do voto impresso, porque sempre achei que ali estava o germe do golpe, a volta ao modelo fraudulento de eleições para poder alegar que houve fraude. Achei que era uma batalha de quase vida ou morte pela democracia brasileira”, afirmou o magistrado.
E justificou: “Me empenhei muito para que não passasse a volta ao voto impresso. Não cometi ativismo legislativo, como eles disseram, porque eu fui ao Congresso convidado”. Bolsonaro acusou Barroso de ter pressionado deputados contra a proposta.
Sobre a Lava Jato, o ministro citou erros e acertos e disse que os investigadores tinham “certa obsessão” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi condenado e preso, mas solto após cerca de um ano e meio por mudança de entendimento do STF sobre prisões após condenação em segunda instância.
Por Flávia Said
Fonte: metropoles.com