Segundo a juíza, a 2ª Vara de Recursos Públicos, onde atua, “não tem atribuição” para “determinar a exumação para fins de prova em processo criminal”, uma vez que “os fatos narrados sugerem prática de crime de delito em face da Sra. Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa”.
A decisão judicial lembra ainda que o prazo mínimo para a realização de exumação é de três anos. O procedimento pode ser feito antes do prazo em “casos de interesse público comprovado, bem como nos pedidos de autoridade judicial ou policial para instruir inquéritos”. No entanto, “não há investigação instaurada, tampouco elementos de informação já colhidos a respaldar urgente exumação dos restos mortais da falecida”.
A juíza determinou que processo seja encaminhado à polícia, por meio da Central de Inquéritos Policiais e Processos (CIPP), para “apuração dos fatos narrados por Gabriel Penna Burgos Costa”.
No pedido de exumação, Gabriel afirma que, na madrugada da morte de Gal, foi chamado ao quarto da mãe por Wilma Petrillo, reconhecida pela Justiça como viúva, e encontrou a cantora no chão, já sem vida. Naquele momento, segue o texto, “percebia-se uma espuma” na boca de Gal. A saúde da baiana na véspera de seu falecimento é descrita como “regular, cotidiana e normal”.
“A situação se faz de tal modo misteriosa”, afirma a petição, que Gabriel “se pergunta como veio a falecer sua mãe”, pois a morte ocorreu “subitamente”, “sem testemunhas que descrevessem como e por que se deu a passagem”.
O documento questiona o atestado de óbito de Gal, uma vez que, por decisão de Wilma e “a contragosto de amigos e familiares”, não foi realizada autópsia. No atestado de óbito, consta como causa “infarto agudo do miocárdio, neoplastia maligna de cabeça e pescoço”.
A petição, no entanto, afirma que a causa da morte é “incógnita, pairando dúvida razoável sobre as circunstâncias em que se deu o fim de sua existência”.
Gabriel também deseja transladar os restos mortais da mãe de São Paulo, onde ela foi sepultada por decisão de Wilma, para o Cemitério São João Batista, no Rio, onde Gal comprara um jazigo e está enterrada sua mãe. A petição diz que a decisão de Wilma de sepultar a baiana em São Paulo “causa perplexidade a todos, quiçá suspeitas”.
Em nota enviada ao GLOBO, a defesa de Gabriel saudou a decisão da Justiça “que determina a apuração da causa da morte de Gal Costa, uma das maiores cantoras do Brasil”. “Sua família e seus fãs têm o direito de saber a verdade dos fatos. Cabe lembrar que o Samu já emitiu nota dizendo que não atestou a causa da morte, cabendo à médica que assina o óbito esclarecer as circunstâncias que a levaram a declarar ‘infarto agudo do miocárdio’ e ‘linfoma de pescoço e cabeça’. Cabe, ainda, esclarecer porque o corpo não se submeteu ao exame de autópsia”, segue o texto.
A nota diz ainda que a defesa de Gabriel “recorrerá da parte da decisão judicial que não deferiu o traslado do corpo de Gal Costa ao Rio de Janeiro”. “Caberá à autoridade policial investigar são as razões pela qual Wilma Petrillo segregou o corpo de Gal Costa em cemitério na capital paulista. Wilma não desconhecia a vontade de Gal Costa de ser sepultada junto com a sua mãe, Mariah, em jazigo por ela adquirido no Rio de Janeiro”, afirma o comunicado.
Advogada de Wilma, Vanessa Bispo afirma que “as acusações de Gabriel são graves e têm que ser provadas”.
— A maior interessada na investigação é Wilma. Ela não tem dúvidas sobre a causa da morte de Gal. Gabriel não sabia que ela estava doente porque as duas quiseram poupá-lo. Boletins médicos do Hospital Albert Einsten comprovam todo o tratamento da doença que levou à morte de Gal — diz Vanessa.
Por Ruan de Sousa Gabriel — São Paulo
Fonte: oglobo.globo.com