A vítima foi encontrada morta no dia 8 de abril, próximo à linha de trem, a apenas 130 metros de sua casa. Conforme apurado pela equipe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Juatuba, ela viveu um relacionamento de mais de 20 anos com o investigado, com quem teve quatro filhos. No entanto, os dois estavam divorciados há oito anos, embora ainda convivessem como vizinhos, dividindo o mesmo lote.
Ciúmes
As investigações revelaram que um novo relacionamento da vítima teria engatilhado ciúmes no investigado, que passou a planejar o feminicídio. O homem monitorava cada passo da vítima.
“Mesmo separados, o suspeito controlava muitos aspectos da vida da vítima. Ele sabia sua rotina, hábitos, quando saía de casa, quando retornava”, ressaltou a delegada responsável, Raquel Gontijo, à imprensa. “Assim, ele estranhou a mulher estar chegando mais tarde em casa e conseguiu confirmar por meio de um dos filhos do casal que ela de fato estava namorando”, completou.
Provérbios
Diante do novo relacionamento de Andreia, ele decidiu procurar ajuda em uma igreja e, na Bíblia, leu o seguinte provérbio: ‘Porque furioso é o ciúme do marido; e de maneira nenhuma perdoará no dia da vingança’. O homem, que acreditava ter sido traído pela esposa enquanto ainda estavam juntos, chegou a escrever a frase na parede de casa.
“Importante destacar que o relacionamento do investigado e da vítima havia terminado também porque o suspeito acreditava que havia sido traído. Quando ele se depara com o provérbio, chega a escrevê-lo na parede de casa como forma de motivar o plano criminoso”, revelou a delegada.
Plano
No dia do crime, o suspeito aguardou pela vítima, que sairia de casa pela manhã para ir ao trabalho, e a surpreendeu com um golpe de enxada na cabeça. A mulher ainda conseguiu resistir, segurando a ferramenta, mas o investigado consumou o crime com diversas facadas no pescoço da vítima, que morreu no local.
Em seguida, ele arrastou o corpo da ex-companheira pela linha de trem e o empurrou para uma mata próxima. Levantamentos indicam que ele ainda teria simulado um assalto, ao dispensar a bolsa da vítima e seus pertences no rio que passa abaixo da linha ferroviária. Logo depois, o suspeito voltou aos afazeres cotidianos, visitou vizinhos, no que a Polícia Civil supõe ter sido um movimento calculado para tentar obter um álibi para o crime.
Vestígios
Na última terça-feira, a PCMG também cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do investigado. Perícias com luminol detectaram vestígios de sangue na bota do suspeito, bem como em uma tomada e nas chaves da casa.
A delegada Raquel Gontijo informou que inicialmente o indivíduo negou os fatos, apresentando versões contraditórias. “Com os elementos periciais e demais levantamentos investigativos, contudo, ele acabou confessando a autoria e toda dinâmica dos eventos”, disse. O suspeito foi preso preventivamente e permanece à disposição da Justiça no sistema prisional.
Fonte: extra.globo.com