Segundo o governo brasileiro, a indicação deve ser confirmada em novembro de 2024 pela Assembleia Geral da Interpol. Se for aceito, essa será a primeira vez em 100 anos que um brasileiro comandará a instituição.
“Estou profundamente grato pela confiança depositada em mim pelos representantes da comunidade policial global ao ser indicado como o próximo Secretário-Geral. Agradeço também à Polícia Federal e as demais instituições governamentais brasileiras pelo apoio fundamental nesta conquista histórica", disse Urquiza após saber da indicação.
O governo brasileiro também comentou a indicação dizendo que ela representa o reconhecimento da comunidade internacional da competência da PF no combate ao crime.
A Interpol é a maior organização policial do mundo, com 196 países membros, e tem sede em Lyon, na França. A instituição permite que as polícias de todos os países membros compartilhem informações e acessem dados sobre crime e criminosos em nível global. A Interpol também ajuda os membros com suporte técnico e operacional.
O atual presidente da instituição Ahmed Naser Al-Raisi, afirma que o aumento significativo do crime internacional indica que "o trabalho da Interpol nunca foi tão importante" e que demanda um secretário que atue de maneira neutra em conjunto com os demais países.
“O senhor Urquiza impressionou o Comitê Executivo com sua experiência, visão e compromisso com o policiamento internacional. Ele traz experiência significativa de policiamento, como policial sênior no Brasil, ex-membro da equipe da INTERPOL e como vice-presidente da Interpol para as Américas", disse Al-Raisi.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, elogiou Urquiza e afirmou que a indicação é uma vitória para o país e que eleva a política externa brasileira.
"Urquiza é um profissional altamente qualificado e capacitado, com currículo robusto tanto na sua atuação na Polícia Federal, onde atualmente ocupa a função de Diretor de Cooperação Internacional, quanto na própria INTERPOL, onde hoje é o vice-presidente para as Américas", disse Andrei Rodrigues.
Como funciona a eleição
O secretariado geral é a principal função da instituição. O cargo tem um mandato de cinco anos podendo ser renovado por outros cinco.
O processo de seleção do novo secretário começou há cerca de um ano, em julho de 2023. Todos os países membros foram convidados a apresentarem candidatos. O prazo para a candidatura terminou em 31 de janeiro de 2024.
A partir de então, o Comitê Executivo da polícia internacional passou quatro dias avaliando as candidaturas, chegando a poucos nomes. Esses candidatos foram entrevistados em junho de 2024 e, então, o comitê decide quem indicar e apresenta o nome para a Assembleia Geral.
Junto com a candidatura, o comitê entrega um relatório para a assembleia, descrevendo os detalhes que levaram à escolha do indicado e, também, o currículo do candidato.
Cada país votará de forma anônima e o indicado é eleito se atingir a maiorias simples (metade mais um) dos votos a favor.
Quem é e o que diz Urquiza
O brasileiro é um dos três vice-presidentes da Interpol, ao lado do belga Peter de Buysscher e do nigeriano Garba Baba Umar.
Em entrevista à agência Reuters, em fevereiro deste ano, Urquiza disse que a agência deveria eleger um novo secretário-geral de uma nação em desenvolvimento para diversificar e aumentar sua legitimidade em um mundo cada vez mais polarizado.
"Entendemos que a diversidade trará mais credibilidade à organização, mais legitimidade ao trabalho que é feito. Por quê? A organização atua em atividades no combate a ameaças de todo o globo, então precisamos agregar à organização a expertise, prioridades e forma de combate, às prioridades de cada polícia de outras regiões do globo", disse na ocasião.
Urquiza diz querer elevar a participação feminina nos cargos de comando do órgão. Até fevereiro de 2024, mulheres eram 43% das representantes da Interpol, mas não chegavam a 10% em postos do alto escalão.
O delegado é diretor de cooperação internacional da PF e, desde 2021, é vice-presidente para as américas do Comitê Executivo da Interpol.
Outros candidatos chegaram a ser considerados: Stephen Kavanagh, do Reino Unido; Mubita Nawa, da Zâmbia; e Faisal Shahkar, do Paquistão.
Por Andréia Sadi, Matheus Moreira, GloboNews e g1 — São Paulo
Fonte: g1