De acordo com os advogados Diego Cerqueira e Ivana Carneiro e a mãe da stalker, ela tem 40 anos, é formada em economia, tem um mestrado e fala cinco línguas. Em 2004, teve o primeiro surto esquizofrênico enquanto morava em Paris para estudar.
“Ela disse que estava sendo envenenada por uma senhora, foi à polícia com uma coca-cola e pediu para que eles analisassem o conteúdo. De lá, ela foi fazer uma prova e, quando voltou, ligaram para um amigo dela para perguntar se ele autorizava que ela fosse internada. Passou 21 dias internada e eu tive que buscá-la”, lembrou a mãe.
No relato, ela contou ainda que a filha disse que seria presidente do Brasil quando a encontrou e que ela chegou a imaginar coisas também no voo de volta ao Brasil. Quando voltou ao país natal, ela começou o tratamento para a doença.
Ela foi aposentada em 2018 por invalidez e recebe auxílio-doença pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde 2013. “No dia da perícia [no INSS], pediram para levar um documento de identificação com foto. Ela levou a carteira de habilitação e a médica olhou para mim e disse ‘como é que vocês deixam uma pessoa dessas dirigir?’. Ela exigiu que ela entregasse a carteira no Detran, e ela fez. Antes, ela dirigia e tudo, mas teve um dia que ela tomou um comprimido de diazepam, foi dar uma volta e bateu o carro”, contou a mãe.
Antes da aposentadoria, a stalker trabalhou enquanto fazia o tratamento psiquiátrico. Entretanto, ainda assim ela sofria com surtos a cada seis meses.
A perseguição a Débora Falabella
O que motivou a mulher a stalkear a atriz foi uma paixão. Segundo a advogada Ivana Carneiro, “ela diz que nunca tinha tido nenhum envolvimento homoafetivo, e que a primeira vez que se envolveu com uma mulher — na cabeça dela — foi com Débora Falabella”.
A stalker disse que viu Débora Falabella em um elevador e se apaixonou. “Quando ela foi presa, me perguntou ‘eu fui presa por amor? Meu amor mandou me prender? Eu só queria que ela me notasse, queria um abraço'”, relatou a advogada.
Após o primeiro encontro entre elas, a mulher enviou presentes para o camarim da artista e uma carta íntima. Em 2022, ela teria fugido de casa durante a madrugada para ir ao condomínio em que a artista mora, em São Paulo.
De Recife, ela teria viajado sem dinheiro e sem ter onde ficar, levando duas malas. Na porta do condomínio da atriz, ela teria pedido para entrar e sido barrada, mas voltou pela noite e gritou pelo nome dela.
A mulher chegou ainda a tentar contato em uma pousada na qual a atriz se hospedou e a enviar o livro Romeu e Julieta com o bilhete “Para o meu Romeu, com muito amor”. Após os episódios, Débora apresentou uma representação criminal pelo crime de stalking e conseguiu uma medida protetiva que proíbe contato e exige distância mínima de 500 metros, ao que ela desobedeceu em setembro passado e teve um mandado de prisão preventiva expedido.
No entanto, essa prisão foi revogada após ela ser submetida a uma nova perícia psiquiátrica, dessa vez pela Justiça.
Por Beatriz Queiroz
Fonte: metropoles.com