Profissionais que foram contratados para trabalhar para o advogado procuraram a Justiça e a Polícia Civil para denunciar que não foram pagos pelos serviços prestados. Uma advogada, que prefere não ser identificada, conta como Geraldo da Silva Vieira usou do falso cargo de vice-cônsul para atraí-la.
“Ele se apresentou com as credenciais, que tinha muitos clientes, que era vice-cônsul, que estava com muitos clientes na área de tributário, empresarial, e precisava de profissionais nesse perfil”, contou a vítima.
A mulher atuou durante cinco meses no escritório do advogado, mas recebeu o equivalente a apenas um mês e meio de serviços prestados. Segundo ela, o prejuízo estimado é de R$40 mil. A advogada acionou à Justiça e hoje, ela faz parte de um grupo formado por pessoas que dizem ser vítimas de Geraldo. Elas criaram um perfil em uma rede social para publicar denúncias que envolvem o advogado.
“O problema era com o cliente. O cliente é que estava devendo. Nunca era responsabilidade dele. E não só eu estava, mas tinha muitos mais profissionais lá que também estavam esperando esse “cliente”, esse tal cliente pagar para poder pagar o resto e os demais”, disse a vítima.
As Polícias Federal e Civil investigam o advogado, que teria se passado por vice-cônsul da Rússia para aplicar golpes em empresários. As primeiras denúncias começaram a chegar em 2018. O título teria sido vendido pelo cônsul da Rússia em Belo Horizonte na época.
“Parece que esse Geraldo Vieira era amigo ou colega do cônsul honorário da época. De alguma maneira, os dois estavam interligados. Foi justamente por problemas ocorridos durante o tempo do Vladimir à frente do consulado que a embaixada o afastou do cargo” contou Carolina Bernardes Machado, atual cônsul da Rússia em Minas Gerais.
O processo está em sigilo judicial. Geraldo é suspeito de usar o nome e prestígio do cargo para aplicar golpes. Ele teria aberto uma conta em nome do consulado e movimentando milhões de reais. “Ele abordava empresários, financiava eventos, almoços, usando o nome do consulado para atrair empresários com proposta de financiamentos de grandes projetos. Falava que o dinheiro viria da Rússia, até do banco do BRICS, o que é absolutamente ilegal e impossível”, contou a cônsul.
As novas denúncias feitas contra o advogado estão sendo investigadas pela Polícia Civil, que informou que o inquérito segue em tramitação na Delegacia de Lagoa Santa. Diligências já estão sendo feitas.
Procurada, a OAB-MG (Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais) informou que não pode detalhar eventual procedimento contra o advogado na instituição. “A OAB, conforme preceitua o Código de Ética e Disciplina, não pode apresentar informações sobre a existência (ou não) de processo ético-disciplinares. Os processos ético-disciplinares, caso existam, são sigilosos (conforme estabelece a Lei 8.906). Qualquer processo ético-disciplinar no Tribunal de Ética e Disciplina pode ser instaurado a partir de representação feita por pessoa física, de ofício pela OAB ou mediante a representação de qualquer autoridade”, pontuou.
Por Regiane Moreira
Fonte: R7