Sobre o Caso
Everton Rodrigues da Silva, de 30 anos, foi condenado a 22 anos de reclusão por latrocínio. Na decisão, proferida pelo 3º Grupo de Câmaras Criminais do TJ-RJ, os desembargadores citaram fragilidade das provas e inconsistências nos depoimentos.
Durante as oitivas, as testemunhas utilizaram expressões como “pessoa de cor” e identificaram o atirador como sendo um homem negro, de cavanhaque. Com base nas características, a polícia fez diligências, tirou fotos do suspeito que estava em casa e, através delas, Everton foi reconhecido.
Durante o processo de revisão, uma testemunha ocular do assassinato admitiu que a acusação original contra Everton foi influenciada por pressões externas e não correspondia à verdade dos fatos. O homem identificou outras pessoas, conhecidas pelos apelidos Lequinho e Tequinho, como as verdadeiras autoras do crime.
“Essa decisão sublinha a necessidade de uma investigação minuciosa e da coleta de provas irrefutáveis antes de uma condenação, reafirmando o compromisso do judiciário com a justiça e a verdade”, disse a defesa de Everton através de nota.
Após a condenação, Everton cumpriu nove anos de reclusão e há pouco mais de um ano estava usando uma tornozeleira eletrônica depois de progredir para a VPL (Visita Periódica ao Lar).
De acordo com o advogado Patrick Benedito, Everton foi vítima de racismo estrutural. O defensor cita, ainda, que em decorrência da condenação o jovem perdeu momentos importantes da vida, como a gravidez da esposa, o crescimento do filho, a formação profissional e demais planos.
“Na época ele estava fazendo curso e não pôde pegar o diploma. Ele tinha um sonho de ser jogador de futebol, mas esse desejo também foi interrompido. Na verdade, a vida dele toda parou, mesmo sem ter provas e indícios para condená-lo”, afirma Patrick.
O crime
O crime aconteceu em março de 2014, no litoral de Campos dos Goytacazes, no Norte do Rio de Janeiro. Na ocasião, um homem de 26 anos reagiu a um assalto, foi baleado no pescoço e não resistiu aos ferimentos. Os bandidos fugiram levando o cordão e o celular da vítima.
De acordo com as investigações, dois adolescentes que estavam com a vítima afirmaram que o autor dos disparos era um homem negro e com cavanhaque. Após ser apresentada uma foto de Everton, as testemunhas o reconheceram como o atirador.
Além do indiciamento pela Polícia Civil, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou o jovem que, no final de 2014, acabou condenado a 22 anos pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte).
A CNN entrou em contato com a Polícia Civil e o Ministério Público do estado e aguarda retorno.
Fonte: CNN Brasil (@cnnbrasil)
Por Cleber Rodrigues da CNN