No processo, os advogados de Marçal pedem que uma indenização de R$ 100 mil a título de dano moral por conta do ato.
“A caracterização do dano moral in re ipsa se justifica pelo fato de que o ato agressivo, além de violar a integridade física, atingiu profundamente a moral do Requerente, sendo o abalo presumido pela própria gravidade do ato”, disseram os advogados Paulo Hamilton e Tassio Renam Botelho.
Foto: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais |
Pablo Marçal diz que, caso vença na Justiça, o valor será doado a causas de defesa das mulheres.
“A indenização por danos morais não deve apenas punir o agressor e compensar a vítima, mas também deve ser suficiente para dissuadir futuros comportamentos agressivos e antiéticos, de modo a preservar a segurança e a credibilidade dos debates eleitorais, evitando que novos episódios de violência ameacem a democracia e o livre debate de ideias”, completaram.
"Ao receber essa indenização do Datena, tenho o compromisso de destinar o valor integralmente a mulheres em situação de vulnerabilidade, que são vítimas de atos covardes de violência, como agressões sexuais, agressões físicas e tentativas de homicídio. Que essa ação sirva como um marco no nosso país, simbolizando a luta contra todas as formas de violência contra as mulheres", disse a campanha de Marçal por meio de nota.
O que diz a campanha de Datena
Por meio de nota, o advogado Eduardo Leite, que representa o candidato do PSDB, disse que ingressou com doze ações, representações criminais, direitos de respostas e remoção de posts ofensivos contra Pablo Marçal neste campanha e todas as decisões do judiciário eleitoral foram aceitas pelo TRE-SP.
"Além das ações promovidas contra o Marçal, inclusive pela fraude praticada no suposto resgate, admitida por ele, promoveremos ação milionária por danos morais que será protocolizada com base nas ofensas desferidas contra o Datena, ofendendo a sua dignidade e honra, devastando a ele toda sua família", disse Leite.
"O Marçal agiu com requintes de crueldade contra a dignidade do Datena, visto que as acusações desferidas pelo Marçal foram mentirosas, visto que o processo por assédio foi improcedente na justiça trabalhista, e na esfera criminal foi arquivada sem qualquer prova, e a suposta vítima foi processada por calúnia e difamação, sendo que ocorreu a transação penal, e o Ministério Público condicionou a proibição de fazer qualquer manifestação pública ou privada sobre os fatos narrados no curso dos processos, homologado pela Juíza Criminal, findando todo e qualquer processo criminal", completou.
"Quanto aos processos civis por danos morais, serão suspensos até a decisão final com trânsito em julgado dos processos criminais de lesão corporal, denunciação caluniosa e difamação. Desta forma, consideramos que diante dos fatos e das medidas tomadas, esperamos que a Justiça Eleitoral e Comum continue a responder com celeridade e justiça", declarou o advogado de Datena.
O caso
A agressão aconteceu depois que Pablo Marçal (PRTB) fez uma pergunta para Datena. O candidato do PRTB perguntou ao apresentador quando ele pararia com a "palhaçada" e desistiria da candidatura. Antes, ele havia citado uma denúncia de assédio sexual contra o tucano, chamando Datena de apelidos como ‘jack’, que no jargão das penitenciárias significa estuprador.
Marçal passou aquela noite no Hospital Sírio-Libanês e apareceu no dia seguinte com um braço imobilizado. Segundo o boletim divulgado pelo hospital, o ex-coach teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, sem maiores complicações associadas.
Ele recebeu alta na segunda-feira (16) e, naquele dia, segundo a assessoria da campanha, o candidato saiu do hospital e foi direto ao Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo delito.
Na noite do debate, o advogado do candidato registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal e injúria contra José Luiz Datena (PSDB) no 78ºDP (Jardins).
O candidato do PRTB, Pablo Marçal, no Hospital Sírio Libanês, no Centro de SP, após tomar cadeirada de Datena em debate da TV Cultura — Foto: Reprodução/Instagram |
Sem necessidade de ambulância
O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) afirmou a apoiadores que não precisava da ambulância que o levou ao Hospital Sírio-Libanês após ser agredido por José Luiz Datena (PSDB) com uma cadeirada durante o debate da TV Cultura no domingo (15).
O vídeo com a afirmação do candidato foi gravado durante um evento em 18 de setembro em uma pizzaria no Jardim Europa, na Zona Oeste da capital. O conteúdo foi divulgado primeiramente pelo Metrópoles e pelo UOL e obtido pelo g1.
"Eu não precisava daquela ambulância lá. Eles queriam fazer uma cena, esse povo aí. Dava para ir correndo para o hospital. Não era insuportável. Só que aqui está o segredo: cadeirada é o de menos do que a gente está sofrendo desses caras. Eu tomo mais dez dessas por semana se for o caso. Mas não arrego. Eu dava conta de segurar aquela cadeira, eu dava conta de agredir aquele cara, eu dava conta de tudo, mas eu fiz questão de levar, para sentir mesmo, de verdade, para mostrar", relata o candidato a uma mulher não identificada.
No vídeo divulgado pela equipe de Marçal em redes sociais após a agressão no debate, o candidato aparece em uma ambulância, de olhos fechados, com uma máscara de oxigênio.
O g1 procurou a campanha do candidato e aguarda posicionamento.
As pesquisas eleitorais mostraram o impacto da situação nas intenções de votos em Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral em São Paulo.
Na pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira (18), por exemplo, o candidato oscilou negativamente: passou de 23% para 20% em uma semana. A pesquisa captou a cadeirada de Datena em Marçal em dois dos três dias de entrevistas (15 a 17).
Já na pesquisa Datafolha, divulgada na quinta (19), embora o ex-coach tenha mantido os mesmos 19% em uma semana, sua rejeição sentiu os efeitos do debate: passou de 44% para 47%.
Por Rodrigo Rodrigues, g1 SP
Fonte: g1