Mulher que mora no McDonald´s é solta após prisão em flagrante por racismo

Via @uolnoticias | Uma das mulheres que vivem numa unidade do McDonald's, no Leblon, zona sul do Rio, foi solta na tarde deste sábado (31), após ter sido presa em flagrante no dia anterior (30) por injúria racial.

O que aconteceu

Susane Muratori recebeu alvará de soltura após passar por audiência de custódia no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica. Ela havia sido detida na 14ª DP (Leblon) sob a acusação de ter cometido ataques racistas contra um grupo de adolescentes que estava na lanchonete. Sua filha, Bruna Muratori, que também vive no McDonald's, foi ouvida e liberada ainda na delegacia.

"Muito abalada". Bruna Medina de Souza, mãe de uma das adolescentes, de 15 anos, afirmou que a filha ficou muito assustada com o que aconteceu, já que o caso foi parar na delegacia.

"Preta nojenta". A mãe disse ainda que Susane desferiu xingamentos contra todos os adolescentes, chamando de "pobres e favelados", mas os insultos raciais foram dirigidas à sua filha.

Polícia interveio. Ainda segundo Bruna Medina de Souza, os sete adolescentes começaram a ser filmados pelas duas mulheres no segundo andar do McDonald's e começaram a rir, o que as irritou, começando os xingamentos. Ao descerem, os adolescentes encontraram policiais, que conduziram todos à delegacia.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram as suspeitas sendo levadas até uma viatura por policiais. "Me larga, me solta. Filma, por favor. Filma aí", grita Bruna Muratori enquanto dificulta o trabalho dos agentes.

O UOL obteve uma imagem que mostra ao menos três malas das mulheres em um carro do Segurança Presente. O programa, que ocorre no Rio, visa o reforço de patrulhamento a partir da remuneração de PMs de folga.

Procurado pelo UOL, o McDonald's confirmou a ocorrência. A rede afirmou estar à disposição das autoridades caso seja acionada para prestar esclarecimentos.

A defesa da dupla não foi encontrada para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

Entenda o caso

Em maio, o UOL mostrou que muitas pessoas paravam para observar as mulheres na lanchonete. À época, a reportagem visualizou uma dupla de senhoras que olhou diretamente para as malas e Bruna Muratori ficou incomodada. "Boa tarde, tudo bem?", avança, como se quisesse dizer "o que você está olhando aqui?". Uma delas tomou um susto, mas não respondeu.

Em outro momento, uma nova dupla chegou. Não eram clientes, mas curiosos que logo pegam o celular. Na ocasião, a filha saiu e a mãe, que está sozinha, reagiu: "Vou te contar, hein? Essa gentalha é tudo sem nada o que fazer. São loucas? Será que nunca viram malas? Devem ficar com inveja das malas. Tem muita roupa". Questionada pelo repórter sobre o que mais a incomodava na situação, ela foi enfática: "Essa garotada toda que vem aqui, essa gurizada toda cheia de besteira".

Após a repercussão do caso, Bruna Muratori arrecadou mais de R$ 1 mil em uma vaquinha online que abriu com a meta de R$ 10 mil. Na página, ela afirmava que é "cliente" do estabelecimento e critica a imprensa por declarar que ela "mora" ali.

Imagem: Daniele Dutra/UOL

Bruna e Susane já recusaram vagas em abrigos e outros serviços da rede de apoio socioassistencial. A Secretaria Municipal de Assistência Social disse à reportagem, em maio, que sua equipe de abordagem especializada compareceu à lanchonete nos dias 10 e 16 de março e que ambas "recusaram prontamente" as ofertas.

Do UOL, no Rio de Janeiro
Fonte: UOL

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