Segundo a polícia, Bianca queria ficar com a casa do pedreiro em Jarinu, cidade vizinha a Jundiaí, e inventou uma fake news para se livrar dele. Ela disse a integrantes do PCC que o ex-marido, com quem tem dois filhos, estaria vendendo drogas em áreas controladas pela facção. A reação foi imediata e um “tabuleiro” foi marcado para decidir o destino do ex-marido de Bianca.
A organização do Tribunal do Crime foi autorizada pela chefona do tráfico em Jarinu e Várzea Paulista, identificada somente como “Buia”, conforme registros policiais obtidos pelo Metrópoles.
Depois disso, Bianca conseguiu convencer o ex-marido a ir de Jarinu até o Morro São Camilo, em Jundiaí, onde seria realizado o “julgamento”, na última quinta-feira (19/9).
Disciplina comandou julgamento
Enquanto a vítima era levada para o local, Luís Fernando Silva de Souza, o Nando, de 36 anos, recebeu a ordem de julgar o pedreiro. Ele atuava na região como disciplina do PCC há cerca de três meses.
Os disciplinas são os responsáveis por garantir o cumprimento das regras impostas nas regiões dominadas pela facção e por punir eventuais “infratores” — por meio de espancamentos, quebra de membros, ou com a morte.
Só ao chegar ao local o pedreiro descobriu ser vítima de uma emboscada da ex-mulher. Mesmo negando que estivesse traficando drogas, ele foi condenado à morte pelo PCC.
Fuga de ônibus
Num ato de desespero, “sem pensar no que poderia acontecer”, como disse à polícia, o pedreiro se desvencilhou de seus carrascos e correu o mais rápido que pôde. Ele atravessou correndo a região central de Jundiaí e conseguiu embarcar em um ônibus intermunicipal.
O veículo seguia para Jarinu. O pedreiro desceu do ônibus e caminhou até a delegacia da cidade, onde contou sua história e pediu socorro.
A polícia, então, foi à casa da vítima, perto de onde Bianca foi encontrada com drogas. Já Luís Fernando, o disciplina do PCC, foi localizado em um boteco. Os dois foram levados à delegacia, onde foram presos em flagrante por sequestro, cárcere privado e associação criminosa.
A defesa de ambos não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.
O pedreiro, segundo o Metrópoles apurou, não voltou mais para casa, temendo que a “sentença” decorrente da mentira da ex-companheira ainda possa ser cumprida pela facção.
Por Alfredo Henrique e Angélica Sales
Fonte: metropoles.com